Round 6 e as teorias da conspiração.
Dentre seus pontos positivos e negativos, um detalhe interessante da história é a presença dos “VIPs”, como são chamados. Esses personagens surgem no meio da trama como convidados de honra para assistirem aos momentos finais dos jogos e, desde o início, fica evidente que se trata de pessoas ricas, poderosas e influentes que têm como passatempo assistir outras pessoas se matando por dinheiro.
A introdução desses personagens não foi um elemento da trama de muito destaque para o grande público, porém, há mais para se falar sobre do que parece. Essa ideia que a série apresenta, de pessoas ricas e poderosas que se envolvem em seitas ou organizações secretas de atividades ilegais, geralmente de caráter sádico, é mais antiga do que se imagina! As produções audiovisuais já abordaram o tema em outras ocasiões, como no caso de Saló, ou os 120 dias de Sodoma, filme de 1975 do diretor italiano Pier Paolo Pasolini.
Obras como essas são meramente fictícias e, com isso, podem nos lembrar dos famosos “escândalos” que vez ou outra surgem na internet, frutos de teorias conspiracionistas que, apesar de quase sempre serem muito bizarras, acabam causando grandes impactos, como em 2016, no caso que ficou conhecido como “Pizzagate”: suposto esquema de tráfico humano no qual estaria envolvida a então candidata à presidência dos EUA, Hillary Clinton. A grande mentira conspiracionista que deixaria muita trama mirabolante de novela “no chinelo” acabou ganhando tanta força, que chegou a interferir nas eleições presidenciais de uma das maiores potências mundiais.
É claro que existem casos reais, como o recente escândalo da seita sexual NXIVM, que tinha participação central da atriz Allison Mack, posteriormente condenada a prisão. mas no geral, boa parte das histórias fantásticas que aparecem na internet são só mais casos de teorias da conspiração, como as que a gente ouve desde pequeno, sobre os tais Illuminati, por exemplo, e que serviriam facilmente de roteiros para filmes e séries.
Aliás, não seria surpresa se surgissem cada vez mais produções com essa temática, agora que os adeptos dessas narrativas têm a internet como principal (e mais eficiente) ferramenta de difusão das mais absurdas teorias conspiracionistas.
Este artigo foi escrito por André Alves e publicado originalmente em Prensa.li.