O que Round 6 pode nos ensinar sobre persuasão?
*contém pequenos spoilers*
Se você não vive em uma ilha isolada no meio do oceano pacífico, você ouviu falar da nova série coreana da Netflix, Round 6. Esta série está fazendo tanto sucesso que já se tornou a mais assistida do serviço de streaming, tendo sido lançada há menos de um mês.
Mas se você ainda não conhece, vou explicar a história brevemente.
Round 6, ou, originalmente, Squid Game, fala sobre pessoas extremamente endividadas e sem perspectiva de ascensão social, que são convidadas a participarem de um jogo valendo 45,6 bilhões de wons (moeda coreana, sendo este valor equivalente a R$208 milhões de reais).
No primeiro momento, elas não sabem que suas vidas estão em jogo. Mas, depois do primeiro round, elas percebem que serão literalmente eliminadas se perderem.
O que levou estas pessoas a continuarem jogando?
1. Dor/Desejo
O motivo principal é o desespero. Como, por exemplo, o protagonista Gi-Hun. Sua mãe idosa precisava fazer uma cirurgia de urgência e não tinha dinheiro, sua filha estava se mudando para outro país, e ele ainda estava devendo agiotas que já haviam o ameaçado de morte. Ou seja, dependendo do tamanho da dor que a pessoa tem, ela é capaz de fazer qualquer coisa para encontrar a solução.
2. Amostra grátis
O personagem conhecido como Vendedor aparece em uma estação de metrô abordando pessoas para jogar ddakji valendo um valor bem menor em dinheiro. Depois, ele dá um cartão com um número de telefone convidando para o grande jogo. Dessa forma, ele atiça a ganância e a curiosidade delas.
3. Promessa/Grande Benefício
45,6 bilhões de wons. Realmente parece que isso muda a vida de qualquer pessoa, não é mesmo? Em uma situação de desespero, o que é ser morto por um tiro perto da chance de ganhar todo este dinheiro? Bom, quando a pessoa está tomada por emoções, sem pensar logicamente, essa escolha acaba não sendo difícil.
4. Desapego
Uma das regras do grande jogo é que os jogadores teriam o direito de desistir se a maioria assim quisesse. Isso passa uma impressão desapegada dos organizadores, como “eu tenho algo muito valioso para te oferecer, mas a escolha é sua continuar ou não”. O que fez as pessoas desistirem em um primeiro momento, mas retornando em outro.
5. Uma nova chance
Mesmo os jogadores desistindo no primeiro round, uma nova chance foi dada, dando a impressão de “eu apenas quero te ajudar, pensa nisso”. E como eles estão desesperados por ajuda, eles consideram aceitar mais uma vez.
Estes cinco elementos, trabalhados de forma consciente pelos organizadores, fez a grande maioria das pessoas retornar aos jogos para apostar suas próprias vidas.
E aplicando na vida real, é possível usar estes mesmos artifícios da persuasão. Mas, para oferecer soluções verdadeiras e honestas, pensando sempre no bem do coletivo e não só no individual.
Isso fez sentido para você ou tem algo a acrescentar?
Imagem - Netflix
Este artigo foi escrito por Ádila Munhoz e publicado originalmente em Prensa.li.