Rússia deixa a estação espacial!
A guerra na Ucrânia ainda não acabou e consequentemente, seus efeitos colaterais também não. De acordo com o The New York Times, o governo russo divulgou um comunicado onde o chefe da agência espacial Roscomos, Yuri Borisov, se reuniu com o presidente Vladimir Putin para decidir o futuro de sua participação na parceria do projeto espacial internacional.
Borisov revelou que a Rússia vai se retirar da ISS após 2024. A NASA contava com o apoio do governo russo para manter a Estação Espacial Internacional funcionando até 2030, e avalia que sem esse apoio será muito difícil manter a ISS.
China correndo por fora
O motivo é claro, os russos pretendem começar a formação da sua própria estação orbital. Uma vez que a China apesar dos inúmeros fracassos ao longo dos anos, tem demonstrado grandes avanços nessa área, de forma independente.
Enquanto o projeto da ISS é burocrático e aberto, a China segue firme com seus projetos e lançou o Wentian, segundo módulo de sua estação espacial Tiangong. A corrida espacial nunca esteve parada, e o avanço das tecnologias estão permitindo o desenvolvimento espacial em ritmo frenético.
Ainda segundo o The New York Times, esse novo lançamento chinês, dobra o número de tripulantes em missões de longa duração, de três para seis. A estação também ganha um laboratório novo e uma nova escotilha que será o ponto de partida para caminhadas espaciais.
O terceiro e último módulo da Tiangong, chamado Mengtian, será enviado ao espaço em outubro de 2022, concluindo a construção da estação espacial chinesa em apenas, pasmem, um ano e meio após o início da montagem.
Nasa em desvantagem
A estranheza deste comunicado para a NASA é grande, pois não faz muito tempo que as agências espaciais norte-americana e russa assinaram um acordo para compartilhar alguns voos para a ISS. A parceria permitirá que dois astronautas russos viagem a bordo das naves americanas.
Com a China investindo em seus próprios interesses espaciais, a Rússia que tem experimentado sanções graças à guerra contra a Ucrânia se viu na obrigação de seguir o mesmo caminho dos chineses.
E nada os impede a não ser a falta de dinheiro, pois um projeto dessa magnitude custa cerca de US$6Bi! E diga-se de passagem, o programa espacial russo não está nadando em dinheiro, visto que seu projeto NAUKA, um módulo com braço robótico para integrar a ISS, programado para 2007 só ficou pronto em 2021.
O que nos leva a crer que se não fosse pelos rumos que as relações exteriores tomaram após o início da guerra, é que a Rússia permaneceria na coalizão da ISS. Além do dinheiro, muita tecnologia espacial é importada, o que se torna outro empecilho ao projeto espacial russo.
Inviabilidade do projeto da ISS para a NASA
Atualmente a ISS, que já contou com a participação do Brasil em dado momento da história, é dividida em apenas dois lados: Russo e Americano. A construção é feita de modo que um lado depende do outro, um método que garante a segurança e funcionamento de tudo e todos.
Sendo assim, se a Rússia fechar sua participação na ISS, será praticamente inviável mantê-la em órbita. Embora o comunicado de Borisov seja curto e direto, ele diz que a Rússia pretende "abandonar o barco" depois de 2024, e não necessariamente em 2024.
Pode-se entender que após essa data, ela comece a se desligar da missão aos poucos, à medida que a vida útil dos equipamentos russos se findarem, o que eleva ainda mais o custo da operação da ISS.
Opções
Com a vida útil da ISS se esvaindo, opções começam a surgir para a sua desativação, substituição ou renovação, mas a exemplo do que ocorreu com os ônibus espaciais, pode simplesmente ser aposentada.
Essa escolha é feita única e exclusivamente pelo custo financeiro, como tudo ao redor do mundo: o mais barato vence. Uma nova coligação internacional pode surgir e assumir o projeto, ou os EUA resolverem que não podem esperar formar uma nova coalizão e assumirem o projeto.
Marte
É preciso pensar muito a respeito desse investimento, pois Marte é o assunto astronômico da vez. Investir em um pode significar esquecer o outro. A ISS é um projeto obsoleto e caro, pensar algo totalmente novo a exemplo dos chineses, pode ser um investimento muito mais viável em todos os sentidos.
Concluindo, as probabilidades são gigantescas e tudo pode acontecer, até mesmo a Rússia voltar atrás e manter-se no programa, o que parece ser a opção menos provável.
Mas e você, está pronto para ver o fim da ISS? Ou espera poder contar uma nova história sobre ela?
Este artigo foi escrito por Reinaldo Coelho e publicado originalmente em Prensa.li.