Signo
Queria saber o segredo das alegorias, como falar o subjetivo. Para alguém que se comunica com signos, sou muito cético ao zodíaco. Engenharia talvez seja meu natural, falar apenas o que vejo, que quero que seja visto; mas decidi também escrever, e ali esconder palavras que não são lidas, mas entendidas.
Admiro o simbólico, pois pode ser seletivo, qualidade importante para quem quer evitar brigas, mas um desafio se desejar ser entendido por uma alma, ao menos. Sou atraído à essa prova, mas reconheço que cálculos são mais fáceis de entender. Esse é o ponto, não é? Não escrevo para ser entendido, mas ao mesmo tempo quero ser, preciso ser.
Escrevo para, como charada, ser decifrado, montado na mente do leitor, e então me transformar no próximo texto; nas palavras do músico, uma metamorfose ambulante. Impossível para algo simples, exato, como ser engenheiro, mas necessário à quem vive do verbo, uma fé distante da minha descrença.
Este artigo foi escrito por Felipe Rodrigues e publicado originalmente em Prensa.li.