"Silêncio. Os livros tem orelhas."
Assim que cheguei à Universidade Católica de Belo Horizonte para cursar Jornalismo e Propaganda, em 1988, além dos trotes criativos de matar formiga a grito, assustar placa e medir o corredor da faculdade com um palito de fósforo, houve um concurso entre os alunos para que criássemos uma frase a ser estampada na biblioteca.
A Universidade ocupa uma área geográfica enorme, possui várias dezenas de cursos e havia muita algazarra na biblioteca naquela época. O objetivo das frases deveria ser um alerta para que o silêncio fosse realmente respeitado ali.
Duas frases extremamente criativas ficaram empatadas em primeiro lugar: “Quem cala, concentra” e “Silêncio. Os livros têm orelhas.”
Então elas ganharam duas placas enormes, instaladas na entrada da biblioteca e, de fato, surtiram efeito. O silêncio passou a morar definitivamente naquele lugar.
Esta história verídica, que eu mesmo vivenciei, mostra a importância da divulgação, da propaganda.
A propaganda pode desempenhar mais funções além de informar sobre produtos ou serviços. Ela explica, educa, motiva atitudes, ajuda a vender etc.
Mas ela jamais será eficiente se o produto também não for chamativo, tiver seus encantos.
Não é por acaso que a Eva ficou tentada por uma maçã, uma fruta bela, vermelha, apetitosa. Duvido que a Eva iria cair nessa conversa se, ao invés da maçã, fosse por exemplo uma fruta do conde.
O céu é retratado como um belo lugar, com vários anjos felizes tocando arpas, ou seja, praticamente uma grande festa, mesmo que aparentemente não haja cerveja e churrasco.
Já o inferno é de assustar, um fogaréu medonho e repleto de capetas querendo espetar a gente com aqueles garfos enormes. No inferno você é que é o churrasco.
Para qual dos dois você gostaria de ir, caro leitor?
Para o céu, é lógico, pois a propaganda celeste é muito mais atrativa aos olhos e ao forévis...
E, para encerrar, quando for a uma biblioteca, lembre-se: faça silêncio, pois os livros têm orelhas e quem cala, concentra.
Este artigo foi escrito por Sandro Mendes e publicado originalmente em Prensa.li.