Sinta a música: experiência sensorial para pessoas surdas
Imagem: Canva
Três alunos da Escola de Inovadores desenvolveram um aplicativo que proporciona uma experiência sensorial para pessoas portadoras de deficiência auditiva.
Rafael Zinni Lopes, Ricardo Teruaki Fujikawa e Victor Dias de Oliveira utilizaram programação de inteligência artificial para criar o Feel The Music (Sinta a Música, em português-BR), aplicativo que capta os sons que estão sendo emitidos e faz o celular vibrar simultaneamente no mesmo ritmo.
A ideia nasceu em uma hackathon que tinha a proposta de encontrar ideias inovadoras para o mercado da música. O FTM ficou em terceiro lugar na competição que aconteceu em 2020. Em seguida o projeto foi inscrito na edição do primeiro semestre de 2021 da Escola de Inovadores da agência Inova CPS, quando se transformou em startup e foi selecionado para a Vitrine Inova CPS.
A Vitrine Inova CSP reúne os 50 melhores projetos da Edição da Escola de Inovadores. Os selecionados são conhecidos e avaliados por mentores, investidores e possíveis parceiros. Os dez melhor avaliados da etapa participam do Acelera Inova CPS.
De acordo com o estudo feito em conjunto pelo Instituto Locomotiva e a Semana da Acessibilidade Surda, em 2018, o Brasil possui mais de 10 milhões de pessoas com deficiência auditiva, onde 54% são homens e 46% são mulheres e, do total, 87% não usam aparelhos auditivos.
A falta de acolhimento e inclusão limitam o acesso dos surdos às oportunidades básicas. “Com isso, eles se divertem menos, têm menos chance no mercado de trabalho e não têm as mesmas oportunidades educacionais que os ouvintes têm.” disse Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
Os idealizadores do Feel The Music contaram que durante o curso (Inova CPS) puderam compreender qual seria a capacidade de abrangência da ideia.
“Percebemos que o aplicativo poderia ser usado para levar acessibilidade não só para os aplicativos de música, mas também para transmissões de streaming e canais de vídeos, como Netflix e YouTube. Muitos desses canais mantêm apenas legendas como forma de acessibilidade e temos conhecimento de que muitas pessoas com deficiência auditiva não sabem ler, então, não são devidamente incluídas nesse mercado”, explicou Rafael Zinni.
Somente 7% das pessoas com deficiência auditiva têm ensino superior completo; 15% frequentaram até o ensino médio, 46% até o fundamental e 32% não possuem grau de instrução).
Segundo Zinni, o aplicativo é destinado tanto para pessoas que não sabem libras nem escrita quanto para as que sabem mas não escrevem, ou sabem tanto libras quanto escrita. Com o FTM é possível criar um estímulo a mais para que a pessoa com deficiência auditiva sinta a vibração das letras para aprender a escrever.
"O app é importante para pessoas que lutam por acessibilidade no Brasil e nós estamos aqui como um auxílio para eles. Podemos pegar qualquer aplicativo que tenha como base e fazer a tradução para a vibração e assim a pessoa sentir a emoção da música vibrando. Os resultados têm sido positivos entre aqueles que testaram", completa Zinni.
A solução será liberada inicialmente para dispositivos com sistema Android, para que tenha maior abrangência e atinja pessoas que não têm poder aquisitivo alto.