(Foto: John Schnobrich via Unsplash)
Os bancos digitais estão se multiplicando rapidamente. Com isso, para quem atua em bancos tradicionais, surge a questão: é necessário migrar? E caso seja, como fazer essa mudança?
O primeiro passo é definir por que o banco deseja migrar e, a partir disso, criar uma estratégia clara com metas a serem atingidas, bem como mapear os riscos a serem mitigados. O segundo passo, é escolher criteriosamente os parceiros que vão participar dessa jornada.
Dentro da estratégia, é necessário definir o target para o novo posicionamento do banco. Por isso, é importante conhecer bem o próprio público. Investir em pesquisas qualitativas podem trazer bons insights, assim como fazer benchmarking com instituições que já passaram - ou que estão passando - por esse processo.
Nesse processo, é imprescindível ter em mente que um banco digital vai além da tecnologia. O banco digital tem como premissa ser um facilitador para o usuário, apoiando-se na realização das operações financeiras junto a instituições, garantindo segurança, agilidade e flexibilidade. Tudo isso inclui uma excelente usabilidade e navegabilidade para promover a melhor experiência ao cliente.
Aprimorar cada etapa da jornada do usuário e analisar cuidadosamente o comportamento dele vai consolidar um ambiente mais atrativo em que o cliente se sente à vontade para explorar e utilizar os serviços e produtos ofertados.
Afinal, o cliente está abandonando o hábito de ir até uma agência física e falar pessoalmente com o gerente da conta, e tem escolhido a praticidade de manter o atendimento de forma remota.
Para isso, a tecnologia é apenas uma das partes essenciais. A instituição financeira precisa adquirir tecnologia de ponta, mas também precisa qualificar seus colaboradores que estarão do outro lado do celular, dando suporte às operações.
Outro ponto importante, é definir o tom de voz e tipo de comunicação a ser utilizado nesse canal de atendimento. Pois, se a ideia de um banco digital por si só já é inovadora, a comunicação e sua apresentação precisam estar alinhadas a isso.
O lançamento
Ao idealizar um banco digital, é imprescindível entender que o mesmo deve passar por uma fase de validação, no qual o banco consegue compreender melhor se as hipóteses iniciais realmente estão sendo validadas. E, por isso, é recomendado iniciar com um MVP.
Ou seja, ter o lançamento de forma gradativa, por meio de versões controladas e mais restritas, para uma fase de testes que realmente estresse o ambiente e garanta que ao ampliar essa base de clientes, os riscos serão minimizados, os serviços não apresentarão falhas graves quando estiverem disponíveis a todos os clientes.
O MVP também serve como um período de co-criação com os usuários que fazem parte da base de clientes controlada. Eles podem contribuir com produtos e serviços através de novos insights.
Nessa migração do banco tradicional para o digital, existe a possibilidade de se manter um core bancário já existente ou adquirir um core bancário de mercado. Deve-se escolher o melhor cenário considerando o tempo que se tem para o lançamento do produto, a estrutura e capacidade da equipe, lembrando que tudo isso pode ser otimizado com o estabelecimento das parcerias certas.
Através do uso de APIs é possível criar um ecossistema entre os sistemas legados e as novas aplicações que se fazem necessárias para sair do modelo tradicional, e criar um banco digital que possa ser escalável na velocidade que o mercado exige e garantindo a perenidade da sua marca, sem ter que migrar todos os seus sistemas e legados a cada movimento de inovação que o mercado trouxer.
Alguns bancos tradicionais têm optado por manter seus legados e criar ambientes apartados com novas soluções que utilizam contêineres e APIs e que podem se conectar facilmente ao ambiente já existente. Além do ambiente tecnológico, essas marcas tradicionais vêm em um movimento de criar spin-offs em busca de inovação e reposicionamento de mercado.
O último banco tradicional a realizar esse movimento foi o Banese, grupo tradicional de Sergipe, que já atua no mercado há mais de 60 anos, e com o apoio da Technisys acaba de lançar seu MVP e uma nova brand - Desty.
Para saber mais sobre esse novo momento do banco Banese, assista a palestra "Como construir um banco digital a partir de um banco tradicional", com Daniel Rocha, Head of Digital do Grupo Banese.
Este artigo foi escrito por Maria Rinaldi e publicado originalmente em Prensa.li.