Sonho de uma noite de outono
SONHO DE UMA NOITE DE OUTONO
Gosto da praia, mas também gosto do campo
Uma roça ao lado do mar para morar
É pedir tanto?
O verde do pasto e o azul do oceano são as cores deste lar
Não tem preço! Mas se tivesse,
Seria quanto?
O cheiro das conchas e do mato molhado
Têm seus átomos aquecidos pela luz solar
Se for alquimia divina, por favor, me digam:
Quem é o santo?
De olhos fechados e sobre o escuro interior das pálpebras
Galopo em sonho sobre o dorso de um cavalo alado
Pego carona na calda de uma baleia azul, vislumbro:
Vasto oceano! Vasto campo!
Areia branca e macia, terra marrom e úmida
Filhas da mesma mãe, terapia para meus pés descalçados
A penca de estrelas que brilham em cima da água salgada
E o céu vibrante sob os estábulos e cercados
Fundem-se em meu espírito e meu corpo numa perfeição
Apenas compreendida pelos puros de coração
Que maravilha! Que encanto!
Siris, caranguejos e a tatuíra em seu buraco
Ziguezagueiam livres com tamanha destreza
Grilos, vaga-lumes, galinhas, cavalos e sapo
Cri cri, brilho, cacarejo, relincho e coaxos
Poliglota é a mãe natureza.
O coco verde gelado e o cafezinho preto quente coado no pano,
A canga na praia esticada e a rede na varanda balançando
Sou caiçara, sou caipira, sou humano
Sorrio cantando:
Boa é a vida na praia! Boa é a vida no campo!
Este artigo foi escrito por Mauro Buffalo e publicado originalmente em Prensa.li.