STF, Bolsonaro e o Telegram
Imagem da capa: Poder360
Essa semana, o STF fechou o cerco em cima do Telegram, aplicativo de mensagens criado pelos irmãos russos Nikolai e Pavel Durov no ano de 2013. O Telegram é o principal concorrente do Whatsapp no mundo, e chama atenção por ser muito usado por grupos extremistas e políticos de extrema-direita.
Dentre os políticos que o utilizam, está o atual presidente da república, Jair Messias Bolsonaro, que usa o app para difundir notícias a respeito de seu governo para seus apoiadores. Então, foi natural que ele saísse em defesa do aplicativo, reivindicando os preceitos democráticos que por vezes o mesmo ignora (mas lembra quando convém).
Essa atitude mostra que o STF está não só preocupado com os excessos que ocorrem entre os usuários do Telegram, como também com as eleições desse ano. Em 2018, as fake news desinformaram a população de muitas formas, fortalecendo quem mais a usou, o hoje chefe do nosso executivo.
Diversos políticos já se apoiaram em fake news para se elegerem, mas poucos o fizeram de forma tão eficaz quanto Jair Bolsonaro no Brasil, e Donald Trump nos EUA. Isso é um recado direto do poder judiciário, se outrora tivemos interferências que confundiram o eleitorado, o mesmo vai ser combatido mais firmemente esse ano.
Bolsonaristas já se mostram preocupados, vide que sem o aplicativo, a potência e difusão de suas mensagens será menor do que de costume. Para não ser bloqueado em definitivo, o rival do “zap zap” deverá cumprir 10 exigências feitas pelo STF. Até o presente momento, 7 foram atendidas, restando apenas 3.
Chama atenção que a sétima e, até o presente momento, última exigência atendida, foi a exclusão de uma postagem do presidente. Na postagem, Bolsonaro descredibiliza o sistema eleitoral brasileiro, algo que o mesmo o faz a um bom tempo, e tem intensificado após cair nas pesquisas e subir seu índice de rejeição.
Então, para reverter o bloqueio no país, o Telegram pode começar a ser mais rígido com as fake news que ocorrem na mesma, porém isso também os fará perder usuários que o utilizavam justamente para esse fim. O que de fato vai ocorrer, só as próximas horas irão nos dizer, mas a extrema-direita perde seu principal meio de comunicação, pelo menos por enquanto.
Este artigo foi escrito por Patrick Gulart e publicado originalmente em Prensa.li.