Previstos para começar no dia 24 de agosto de 2021, os Jogos Paralímpicos (nomenclatura foi adotada em 2012) de Tóquio trarão algumas novidades tecnológicas com intuito de aprimorar o desempenho dos atletas.
A cada competição inovações melhoram próteses, suportes e cadeiras de rodas usados pelos atletas que competem. Nos locais de provas, essas melhorias podem ser a diferença entre ter uma medalha ou fazer com que esta medalha seja de um metal mais nobre.
Já é cada vez mais comum que atletas com membros amputados e que utilizam próteses tenham desempenhos semelhantes e até superiores a atletas sem qualquer deficiência.
São centenas de cientistas pelo mundo estudando anatomia, biomecânica, fisioterapia, design e educação física, todas integradas, para que os atletas paralímpicos de seus países tenham os melhores equipamentos possíveis para as competições.
Diversas instituições que unem ensino, pesquisa e extensão trabalham em conjunto com atletas e suas equipes multidisciplinares. Alguns exemplos de entidades que auxiliam o desenvolvimento de equipamentos para atletas paralímpicos são o Laboratório de Inovação e Empreendedorismo em Tecnologia Assistiva, Esporte e Saúde (LIETEC), da Universidade Federal de São Carlos (SP), e o Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, em Campinas (SP).
Mas o que isso impacta no dia-a-dia das pessoas com deficiência? Em primeiro lugar, é bom deixar claro que próteses de competição são bem diferentes das que geralmente são usadas na vida fora das pistas e quadras. As pernas mecânicas de atletismo costumam ter formato de lâmina, enquanto as do cotidiano tendem a ter aspecto mais parecido com o membro que substitui.
E mesmo das cadeiras de rodas de competição possuem design distinto das geralmente usadas no dia, pois cada esporte tem sua especificidade de uso e mesmo em jogos coletivos, como rúgbi e basquete, pode haver diferenciação técnica delas de acordo com perfil e função do atleta naquela modalidade.
No fundo, o desporto paralímpico pode ser encarado como a Fórmula 1 é para os veículos de rua. Muitas inovações e descobertas são transplantadas para o usuário, pois é bastante comum que os estudos multidisciplinares aprimorem conexões, materiais e até formas das próteses. No caso do dia-a-dia, em vez do desempenho atlético, busca-se o conforto, a praticidade e a capacidade de se dar autonomia de locomoção à pessoa com deficiência.
Se você tem mais de 30 anos, pode notar que as cadeiras de rodas atuais são bem diferentes dos tempos de sua infância. São normalmente mais leves, ágeis e confortáveis. Parte da evolução tem como o indutor a pesquisa por melhorias baseadas no esporte.
São pequenos detalhes que vão mudando para melhor a usabilidade e que ajudam a dar autonomia para quem precisa delas para se locomover.
Quando você estiver acompanhando as provas dos próximos Jogos Paralímpicos, e desde já torcendo para que esta pandemia não adie mais uma vez as competições, lembre-se que muito que está sendo desenvolvido primeiro lá virará melhoria de qualidade de vida para quem está fora das pistas e quadras.
Este artigo foi escrito por Leonardo Bonassoli e publicado originalmente em Prensa.li.