Tecnologia excludente e racista
Nos últimos dias temos sido assolados por uma onda de otimismo com relação às notícias do sucesso do leilão 5 G. Pelas notas de jornal e ampla cobertura das mídias diversas, quem chega em um dos nossos aeroportos, não conhecendo o Brasil, fica com a impressão que está chegando na Suécia, tido como um dos países mais ajustados à convivência humana. Ledo engano, quem pode comemorar o eventual sucesso do avanço tecnológico são os mesmos de sempre.
Os detentores do capital, a quem sempre foi dado o direito de acesso a escola de qualidade, as benesses das cotas de terra farta e universidade de ponta.
Ao povão, aquele que vive nos grotões do interior do Brasil, nas comunidades de grandes cidades e capitais de todo país, a realidade é triste, muito triste. São escolas sem estrutura adequada, desqualificação profissional inaceitável aos tempos modernos, professores mal remunerados, enfim, um sem número de aditivos que acabam por desqualificar o aventado sucesso da tecnologia.
Concluímos que a tecnologia é uma das ferramentas mais eficientes já criadas, para manter a exclusão social, o racismo, o sexismo e todos os ismo que afetam a sociedade brasileira e por conseguinte aumentam o fosso que diferencia quem nasce na zona sul e quem nasce nas comunidades. Segundo dados da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico e Social, o Brasil tem 78,3% de sua população conectada, ocupa a 5ª posição global e é o 3º no uso diário da internet. Ainda, 4500 municípios têm internet, com 152 milhões de usuários, o que representa 81% da população com mais de 10 anos de idade.
Porém a desigualdade de acesso se reflete no ensino básico. Segundo o censo escolar de 2020 revelou que apenas 32% das escolas públicas do ensino fundamental têm acesso à internet para os alunos. Com isso, confirma nosso ponto de vista, pois, a escola pública é servida para as populações periféricas, que funcionam apenas como consumidora e não criadora de conteúdo, de conhecimento e aprimoramento do universo onde se utiliza as novas tecnologias.
E é nesse universo que se consolida a presença da maioria das populações pretas, indígenas, imigrantes, entre outros. Com esses dados pode-se concluir com certeza que no Brasil, a tecnologia está a serviço da exclusão, do reforço ao racismo, ao negacionismo tecnológico das populações não pensantes, visto que é através da escola que o indivíduo se aprimora no pensar em ser um sujeito social.
Este artigo foi escrito por Barboza Jr. e publicado originalmente em Prensa.li.