Tecnologias da ficção: é tudo verdade
Em 1954, os Estúdios Disney deixaram o mundo boquiaberto ao apresentar o incrível submarino Nautilus, no filme 20 Mil Léguas Submarinas. Movida por motores elétricos, a embarcação do Capitão Nemo era capaz de peripécias além da imaginação.
Mas, convenhamos, submarinos já não eram novidade nos anos 1950. Dez anos antes, a frota dos U-Boat da marinha alemã havia espalhado o terror pelo planeta, incluindo a costa brasileira.
Então, qual a importância de um submarino nesta reportagem? Pois bem, quando o francês Júlio Verne escreveu a obra, em 1870, não passava de um sonho de visionários geniais como Leonardo Da Vinci, desde o século XVI.
Mas Verne foi muito mais longe. Descreveu uma série de tecnologias em seus livros, com uma exatidão impressionante. E muitas são realidades nos dias atuais. Submarinos, viagens à lua, televisão, helicópteros… há quem diga que até o porta-aviões da Shield foi descrito em detalhes em uma de suas obras, Robur, o Conquistador, de 1886. Mas aí já é outra história.
Assim como Verne, vários outros autores da ficção, sobretudo do cinema, anteciparam tecnologias e acertaram na mosca – cibernética e mutante – com precisão de mira laser. Mais do que isso, influenciaram pesquisadores, cientistas e engenheiros, a criar invenções que mudam o mundo ao nosso redor.
Acompanhe com a gente uma série de inovações que pareciam absurdas demais pra ser verdade nas telas… e já são tão comuns que você nem percebe. Afinal, pela contagem oficial da Hanna-Barbera, George Jetson nasceu recentemente e está entre nós. Então, aproveite o futuro!
Videoconferências
Vários filmes da ficção previram ligações telefônicas com imagens, como uma coisa corriqueira. No entanto, quem conseguiu antecipar algumas agruras do teletrabalho com detalhes dolorosos foi De Volta Para o Futuro II, de 1989. Nele, o personagem Marty McFly, protagonista da série, é demitido ao vivo, como muita gente foi nesses tempos pandêmicos.
Celulares
No quesito invenções que se transformaram em realidade, a franquia Star Trek nada de braçada. Desde 1966, na primeira série de Jornada nas Estrelas, diversas tecnologias foram trazidas à realidade, mas talvez poucas como os comunicadores, que antecederam em muito a telefonia móvel. Não à toa, um dos maiores sucessos de venda da Motorola nos anos 1990 era chamado “Star Tac”, muito parecido com os comunicadores usados pela tripulação da USS Enterprise.
Assistentes Pessoais
Muitas obras imaginaram alguns sistemas de inteligências artificiais dispostas a dar aquela mãozinha ao ser humano. Mas nada se compara ao psicopata HAL 9000, o computador de bordo da nave Discovery One, em 2001 - Uma Odisséia no Espaço. Ele sabe tudo. Inclusive jeitos adoráveis de dar cabo da sua vida.
Estação Espacial Internacional
Outro acerto incrível do mesmo filme. Logo no começo, ao som da valsa Danúbio Azul, de Richard Strauss, somos apresentados a uma imensa estação circular, um bocadinho mais luxuosa e confortável do que a nossa ISS, que está ali no espaço exatamente desde o ano 2000. O maior erro do filme era imaginar que as viagens entre a Terra e a estação seriam feitas pela PanAm, empresa aérea que faliu em 1991!
Fones bluetooth
Tão comuns nas orelhas atualmente, os fones foram antecipados em 1966 à bordo da nave estelar Enterprise, em Star Trek: a Tenente Nyota Uhura, vivida pela recém-falecida atriz Nichelle Nichols, ostentava seu foninho sem fio nas orelhas, enquanto tentava decifrar os meandros da língua klingon e de outros idiomas nas frequências sub-espaciais. Qaplá!
Próteses Cibernéticas
O filme Robocop, de 1987, trouxe um novo herói, meio máquina, meio humano, cromado e cheio de partes não-originais em seu corpo. Tudo muito funcional, garantido pela tecnologia da OCP, um sucesso até o momento em que deu um bug na sua parte humana. Mas antecipou em muitas mãos, pernas e até corações biônicos funcionando em gente como a gente.
Tricorder Médico
Olha Star Trek chegando aqui com mais uma contribuição. O Tricorder, uma engenhoca capaz de diagnosticar sua situação clínica escaneando seu corpo em segundos, está cada vez mais próximo da realidade.
Há um prêmio oferecido pela Fundação Prize X, oferecendo a bagatela de 10 milhões de dólares para quem criar um aparelho que identifique ao menos 15 doenças diferentes, em pelo menos 30 pacientes, num intervalo de 3 dias. Vale desde uma dorzinha chata na lombar até a morte causada por um parasita de Ceti Alpha V que entrou pela sua orelha. “Droga, Jim, eu sou um médico, não um técnico de TI!”.
Pulmões Artificiais
Já que nossa conversa aqui é sobre saúde, vamos lembrar de um diagnóstico importante: insuficiência respiratória. Não sei se era o caso de Robocop, mas outro cidadão bem conhecido precisou de pulmões artificiais, pra sobreviver e tocar o terror numa galáxia muito, muito distante: Darth Vader, estrela máxima (da morte) da franquia Star Wars.
Máquinas que fazem este trabalho já são uma realidade, se embora usados comumente de modo externo ao corpo do paciente. É uma tecnologia que foi ampliada e melhorada durante a pandemia de Covid-19.
Robôs Cirurgiões
Como Darth Vader foi lembrado aqui, nada melhor que trazer os robôs médicos que apareceram lá em Star Wars Episódio III - A Vingança dos Sith, de 2005, dando uma ajeitada no pouco que restou do pobre Anakin Skywalker. Robôs cirurgiões agora são uma realidade em boa parte do mundo, incluindo o Brasil. O maior expoente, já abordado numa reportagem aqui da Prensa, é o DaVinci, que mesmo com um visual de polvo mecânico, é um cara legal.
Teleconsulta
Continuando no tema, “saúde é o que interessa, o resto não tem pressa”, como diria Paulo Cintura: o isolamento social trouxe muita coisa nova ao nosso cotidiano, entre elas o home office. Uma delas, em particular, ainda causa certa estranheza mas já ajuda muita gente. É a teleconsulta médica.
Do mesmo jeito em que você faz seu trabalho à distância, ou assistia à live do seu sertanejo preferido, as teleconsultas vieram para ficar. Porém, já eram realidade desde 1962, na série de animação Os Jetsons. A cuidadosa esposa Jane costumava levar aos médicos as mazelas que afligiam sua família, usando o videofone da sala.
Pois bem, inocentemente imaginei que esse tema daria origem à uma reportagem. Ledo engano! Vamos logo de três! Em breve, aqui na Prensa, o segundo capítulo da série Tecnologias da ficção: é tudo verdade!
Vou pegar meu DeLorean, vou ali no futuro e já volto!
Este artigo foi escrito por Arthur Ankerkrone e publicado originalmente em Prensa.li.