Tecnologias da ficção: é tudo verdade - Parte II
Não faz muito tempo, publiquei na nossa Prensa uma reportagem sobre tecnologias da ficção que inspiraram cientistas, engenheiros, técnicos e muitos, muitos curiosos, a desenvolvê-las para o mundo real.
Portanto, quando usar seu smartphone, lembre-se que foi graças à nerdice presente em cada um de nós que essas tecnologias estão entre nós.
Só que a brincadeira rendeu. Acabou gerando material não para uma, mas para três reportagens. Pegue sua toalha, peça carona usando o polegar e aproveite a viagem pela galáxia dessas invenções incríveis.
Robôs Trabalhadores
Quem saiu na frente foi o teleteatro (foto) inspirado no livro RUR - Robôs Universais de Rossum, baseado na peça teatral homônima. Apresentado pela BBC de Londres no distante 1938, trouxe robôs bastante aplicados ao trabalho. Só que do mesmo jeito que nosso amigo HAL 9000 citado anteriormente, também dão probleminhas com resultados desagradáveis.
Diversas outras obras já trouxeram robôs que trabalham, trabalham, trabalham e não reclamam, mais notadamente a nonalogia Star Wars, onde não faltam dróides preparados para a labuta.
A Tesla espera lançar nos próximos meses sua linha de andróides Optimus, para uso em indústrias, trabalhos potencialmente perigosos ou irremediavelmente chatos. Torcemos para que estes bugs dos robôs de Rossum tenham sido previstos.
Tablets
Star Trek é uma franquia que não cansa de surpreender. Os tablets, que foram lançados oficialmente no mercado em 2010, com o advento do iPad, já estavam nas mãos do Capitão Jean-Luc Picard em Jornada nas Estrelas - A Nova Geração, desde 1987! Servia para anotações diárias, consultas de informação, conversar com outros membros da Frota, assim como os tablets reais.
Robôs de Companhia
Muitos filmes falaram deste assunto, incluindo Star Wars com o dróide de protocolo C3PO; em Inteligência Artificial, uma família adquire um “menino andróide” para substituir o filho perdido; mas nada tão incrível quanto o sensível O Homem Bicentenário, estrelado por Robin Williams em 1999. Quase um Pinóquio moderno, o robô se desenvolve de modo tão intenso que deseja ser humano e mortal. A história é baseada em um livro de Isaac Asimov, mesmo autor de Eu, Robô, sucateado anos depois numa produção estrelada por Will Smith.
Robôs de companhia já são realidade em alguns países, notadamente no Japão.
Robôs Sexuais
Se você acompanha as páginas da Prensa, já deve ter se deparado com uma reportagem sobre robôs que oferecem companhia e algo mais… digamos, quente. Esta tecnologia foi vista já em 1982, no clássico Blade Runner - O Caçador de Andróides, onde alguns dos chamados Replicantes eram usados exatamente para isso que seu cérebro eletrônico está pensando. Hoje você já pode comprar o seu e satisfazer seus desejos mais safadinhos… contanto que tenha na conta alguns milhares de dólares.
Alumínio Transparente
No filme Jornada nas Estrelas IV - A Volta para Casa, de 1986, o divertido e mais bem sucedido longa da franquia Star Trek, a equipe volta no tempo para levar duas baleias-jubarte do século 20 para o século 23, porque uma nave-baleia está bastante irritada com o sumiço de suas parentes.
Spoiler à parte, precisam de algo realmente resistente para embarcar um casal de baleias e muitos, muitos litros de água numa nave. Contrariando todo o bom senso e as regras da primeira diretriz, o engenheiro-chefe Scotty dá a fórmula do plexiglass, o alumínio transparente, para um engenheiro dos anos 1980.
De quebra, Scotty ainda deu pistas para os computadores com reconhecimento de voz (foto)!
Demorou um pouquinho mais, mas em 2018, cientistas e engenheiros descobriram a fórmula real e hoje, o alumínio transparente é uma realidade, apesar de ainda experimental. Portanto, já temos condições de transportar baleias através do tempo. Assim que descobrirmos como viajar no tempo.
Velocidade de dobra
Muitos filmes e séries de ficção científica têm naves que viajam a velocidades superiores à luz, dobrando o espaço ao seu redor, sendo a maior referência a USS Enterprise, de Star Trek.
Se você é um ávido leitor desta Prensa, já sabe que a teoria – real – foi formulada por ninguem menos que Albert Einstein, e a sua possibilidade foi checada em 1994 pelo físico mexicano Miguel Alcubierre. Recentemente, foi descoberto que sua fórmula tinha um pequeno erro: a quantidade de energia necessária para dobrar o espaço é muito, muito menor do que se imaginava, apesar de ainda bastante complicada para se obter.
Uma Fundação de pesquisa, financiada entre outras, pela Space X, está trabalhando no desenvolvimento do primeiro motor de dobra real, que vai nos permitir ir aonde ninguém jamais foi.
Câmeras de Segurança
Lançado em 1949, o livro 1984, de George Orwell (que depois foi transformado em filme, curiosamente em 1984) trouxe ao mundo a figura do Grande Irmão, ou Big Brother, no original. Mas se engana que vou falar do Pedro Bial, Tiago Leifert ou ainda do Tadeu Schmidt. Ou de alguma sub-celebridade. Esse sujeito aí era a personificação de um governo totalitário e seu Ministério da Verdade, que vigiava a tudo e a todos através de milhares de câmeras de segurança espalhadas por toda a Inglaterra.
Não que este tipo de vigilância ocorra assim, mas hoje em todo o mundo (incluindo países totalitários ou democráticos) têm câmeras de segurança espalhadas pelas ruas. Sem contar os radares inteligentes. Sabia que se você roubar um carro e passar por um deles, chamam a Polícia?
Reconhecimento Facial
Sim, essas câmeras conseguem fazer o reconhecimento facial inteligente. E não estão só nas ruas. Em muitas empresas, você já bate o ponto através de reconhecimento facial, inclusive se você estiver em home office. Outras, checam sua temperatura na hora de passar na catraca, dizendo se você poderá entrar ou deverá se dirigir ao ambulatório com suspeita de Covid.
E quem deu o pontapé inicial nisso? Bem, olha ele aqui de novo: Robocop, de 1987. Murphy (esse é o nome do robozão) conseguia levantar a ficha de qualquer um, e dar uma averiguada se o elemento estava armado, apenas com uma espiadinha. Tipo do Big Brother.
Reality Shows
Não podia ter feito a piadinha anterior sem entrar nesse assunto agora: não é bem uma tecnologia, mas uma tendência cultural que vale a pena ter sua origem esmiuçada. Sabe quem começou essa história? O filme O Sobrevivente, estrelado por Arnold Schwarzenegger. O programa de TV de maior sucesso numa sociedade distópica mandava criminosos enfrentarem algumas provas de resistência. Criminosos ou inimigos do sistema, o que dava no mesmo. O problema maior é que as provas de eliminação eram meio assim, literais.
Esse filme, de 1987, também antecipou uma tecnologia muito usada para vídeo: a mídia sólida, ou seja, em cartões, coisa impensável na década de 1980. Hoje em dia, seu celular já faz uso disso. E faz tempo.
Drones
Se você achava que Star Trek antecipou muita coisa, é que eu ainda não tinha convocado o Arnoldão por aqui. Em O Exterminador do Futuro, de 1984, tivemos a presença maciça de drones à serviço da Skynet, embora você possa não ter reparado. E felizmente, os Terminators ainda não são uma realidade. Ainda.
E você acha que chegamos ao Terminator e terminou? Não, mas não perderia a chance de fazer essa brincadeira por nada desse mundo. Logo, logo tem mais. Venha com a gente conhecer mais um punhado de tecnologias que saltaram da ficção para a realidade, para o bem e para o mal.
Vou ali no futuro com a minha Tardis e volto. Se ela quiser.
Este artigo foi escrito por Arthur Ankerkrone e publicado originalmente em Prensa.li.