Tecnologias da ficção: é tudo verdade - Parte III
No cinema, há uma regra quase imutável no que diz respeito a sequências: às vezes, a parte 2 consegue ser melhor que a parte 1. Mas a terceira sempre é pior que as anteriores.
Como aqui não é cinema, e nem temos a pretensão de ser, vamos à terceira parte da série sobre tecnologias da telona (ou da telinha) que acabaram chegando à realidade, muitas vezes antes do esperado.
Vamos lá, dar a volta em torno do sol no sentido oposto à rotação, em dobra 9.75, e ver o que acontece!
Táxis Autônomos
Lembra do Arnold? Aquele ator de filmes de ação, que se tornou governador da Califórnia? Tá aqui de novo. Mais uma vez, participando de um filme que antecipou tecnologias. Em O Vingador do Futuro (Total Recall, obra de 1990 baseada num livro de Philip K. Dick, mesmo autor de Blade Runner), seu personagem embarca num táxi autônomo “pilotado” pelo simpático Johny Cab, um boneco com visual retrô. Estes táxis já são realidade, através dos carros da Waymo, subsidiária do Google, em certas cidades dos Estados Unidos. Sem o bonequinho, mas igualmente gentis.
Localização por Chip
Em alguns países já é moda a implantação de chips subcutâneos em animais (e humanos) que permitam a geolocalização em qualquer canto do mundo. Chame de vigilância forçada, stalkeamento ou o que preferir, mas tá aí outra invenção que deu as caras em primeiro lugar num filme do Schwarzenegger. No caso, o mesmo O Vingador do Futuro, de 1990.
Painéis de LED
Blade Runner trouxe os robôs sexuais, mas também robôs de companhia, videoconferência e de quebra, publicidade em gigantescos painéis colocados na lateral de edifícios igualmente descomunais. Isso hoje soa até meio antiquado, mas em 1982, era coisa de ficção científica, assim como o carro voador que atraiu sua atenção bem para o meio dessa foto!
Carro voador
Esse ainda não aconteceu, mas está perto de acontecer. Abordamos recentemente aqui na Prensa o incrível táxi voador Eve, que deverá dar umas voadinhas por aí a partir de 2024. Mas vejam só, em 1974, o vilão Francisco Scaramanga escapou de Bond, James Bond, voando num automóvel! Isso aconteceu no filme 007 Contra o Homem da Pistola de Ouro. O carro era um legítimo AMC Matador, inspirado descaradamente no AVE Mizar, carrinho com asas – de verdade – que terminou seus dias de glória se esborrachando e levando seu criador a óbito.
Smartwatches
Sabe seu reloginho que marca quilômetros andados, calorias, frequência cardíaca, direção do vento, recebe mensagem de WhatsApp e eventualmente até serve pra ver a hora certa? Olha James Bond dando o ar da graça aqui, de novo.
Em 007 Contra Octopussy, de 1983, o agente secreto ostentava um legítimo (e vagamente ficcional) relógio digital da Seiko, que tinha até um televisor colorido. Tinha outras funções legais também, talvez até fizesse pipoca.
Mas aqui vou dar uma roubadinha, a primeira de algumas nessa reportagem: outro homem da lei usou um smartwatch muito, mas muito antes de Bond. Dick Tracy, nos quadrinhos, tinha um reloginho-comunicador desde 1931. E em 1990, esse apetrecho foi transposto para as telas no filme homônimo estrelado por Warren Beatty, vestindo o manto amarelo do detetive.
O Cone do Silêncio
Tudo bem, essa invenção idiota vista em Agente 86 decididamente não funciona, e justamente essa era a graça da coisa. É uma das mais deliciosas piadas tanto da série de 1965 quanto do longa de 2008. Mas não há como negar que inspirou – e muito – as cúpulas sonoras usadas em exposições e eventos, desde o início dos anos 2000. Você ouve com clareza tudo o que é transmitido por ali. Fora dela, silêncio absoluto. O velho truque de acústica que funciona de verdade!
Starship da Space X
Aqui outra roubadinha, porque a origem também é nos quadrinhos, mais precisamente da obra de Alex Raymond, Flash Gordon. Estreando em 1934, ganhou as telas de cinema dois anos depois, e teve um remake esquisitão em 1980. Mas o design de sua nave era tão legal que – confessadamente – inspirou o visual vintage das belíssimas Starship, que deverão mais dia menos dia levar a humanidade a Marte. Ou ao planeta Mongo.
Recriação de Espécies Extintas
No momento, cientistas espalhados nos Estados Unidos, Inglaterra, Rússia, Coréia do Sul e Japão trabalham arduamente para reviver mamutes, um parente do elefante extinto há pelo menos 5 mil anos, através de amostras de tecido encontradas em espécimes congelados. Não é fácil, mas já conseguiram iniciar o processo de reprodução celular de um bichão desses morto há 30 mil anos.
Essa tecnologia foi apresentada originalmente, e com muito sucesso, no filme Jurassic Park - O Parque dos Dinossauros, de 1993. Usando o sangue de dinossauros encontrados no estômago de pernilongos jurássicos fossilizados em gotas de âmbar, cientistas trouxeram à vida uma miríade de espécies. Desde pacatos apatossauros até cruéis e inteligentes velociraptores.
Esperemos que os cientistas consigam trazer uns simpáticos mamutes lanosos, e parem por aí mesmo. A gente já sabe como acaba e não, não é nada legal.
Gostou da brincadeira? Lembrou de alguma tecnologia que não abordamos? Entre em contato! Quem sabe partimos para um novo capítulo?
Este artigo foi escrito por Arthur Ankerkrone e publicado originalmente em Prensa.li.