Tempos caóticos
Tempos caóticos.
Sejamos sinceros, você é feliz?
Se você consegue ser feliz, parabéns.
Mas você tem um problema, grave.
Tem gente com fome.
Tem muita gente com muita fome.
E isso não é natural.
Os tempos estão caóticos.
Triste, deprimente.
Temos fome, temos sede.
Aqui, nessas terras, Terra Madura.
Na jornada para a Terra Sem Mal, abraçamos as Maldades do Colonizador.
Devíamos ter dado flechas pro Colonizador, mas demos comida e água.
Nos retribuiram com fome, com doenças, com sede e com confinamento...
Logo nós, que éramos livres, que vivíamos sem muralhas e muros.
E agora, aqui estamos.
Brasil é um país distópico.
Brasil, do famoso Pau Brasil.
Árvore da qual se tira uma tintura vermelha.
Um povo que morre de medo de ter uma bandeira vermelha.
Mas não se comove com o vermelho que escorre no asfalto, que molha a terra, que respinga no rosto e que mancha a roupa.
Um amigo meu se refere a esse país como País Túmulo.
Esse meu amigo já dizia isso pra mim, antes da pandemia.
Parece que temos como hobby nacional colecionar mortos.
Se o Governo é reflexo do Povo, então um Presidente Genocida seja o reflexo exato e perfeito de um Povo Genocida.
E se esse é um País Túmulo, acho apropriado ter um assassino como governante.
Aqui estamos.
Um Parente disse uma vez que estamos caindo.
O Parente é do Povo Krenak, o Parente é Ailton.
E Ailton disse que se estamos caindo, então o melhor que podemos fazer e tecer paraquedas.
Aconselho a procurar o que o Parente diz, tem vídeo no YouTube.
Ailton Krenak.
JVS
Este artigo foi escrito por Jessé Vinicius e publicado originalmente em Prensa.li.