The Batman com selo Frank Miller de qualidade
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Quando Matt Reeves (Cloverfield, Planeta dos Macacos) disse que a inspiração para o seu Batman seria Kurt Cobain, confesso que fiquei meio apreensivo.
Mas ao ver não exatamente um Batman, mas um Bruce Wayne totalmente introspectivo, longe do playboy excêntrico de outras versões e quase totalmente sucumbido aos seus demônios, medos e traumas do passado, mas ainda assim disposto a lutar, eu entendi a visão do diretor.
E escalar Robert Pattinson, que tem muitas feições em comum com Kurt para o papel, foi uma cartada de mestre.
The Batman é quase um clipe do Nirvana: é sombrio, grunge, desafiador, denso, misterioso, e regido na balada introspectiva de Something in the way…
Matt Reeves conseguiu o que quase ninguém acreditava que ele conseguiria: superar Christopher Nolan, e fazer algo totalmente novo de um personagem já meio saturado no cinema.
O Batman versão Reeves tem alguns conceitos do Batman de Nolan: é realista e tem fraquezas. Aqui, o Batman também apanha, e sofre. Muito.
Mas ao melhor estilo Frank Miller, Reeves trouxe de volta um aspecto do homem morcego ainda não tão explorado no cinema: sua veia de detetive.
Muito disso se dá pela escolha do vilão: O Charada é talvez o vilão que mais exige do intelecto e do psicológico do Batman depois do Coringa.
E aqui o ator Paul Dano dá vida magistralmente ao personagem, com o devido toque de loucura que lhe cabe, apagando de vez a imagem do caricato vilão interpretado por Jim Carrey em Batman: Eternamente de 1995.
As referências a obra de Miller, "O Cavaleiro das Trevas" estão presentes na estética do filme e na personalidade do Batman, que apesar de jovem e imaturo (ele já é velho na obra de Miller), é violento e obstinado.
E o toque Noir tanto na narrativa quanto na estética caíram como uma luva, não só no desenvolvimento da trama como no próprio universo do Batman.
Se tem um personagem que nasceu pra ser Noir, este é o homem morcego!
A trama do filme é extremamente densa. Cheia de voltas e reviravoltas, uma verdadeira teia de eventos que revelam uma Gotham podre, mergulhada de cabeça no tanque da corrupção.
Algo de fazer inveja ao Rio de Janeiro, e fazer Brasília parecer um parque de diversões.
Uma das coisas mais interessantes nesse novo Batman é as interações dele com o "quase" comissário Gordon (Jeffrey Wright). Os dois desenvolvem uma dinâmica quase de parceiros policiais em campo.
Destaque também para o melhor aproveitamento do personagem, que nunca havia recebido o destaque merecido na trama. Aqui ele aparece ao lado de Batman nas principais cenas de investigação, sendo um intermediário entre a polícia e o Homem morcego.
A química entre Batman e a Selina Kyle de Zoe Kravitz também é algo que vale destacar.
Embora a participação da maior ladra da DC poderia ter sido mais explorada, a atriz está longe de decepcionar e entrega a Selina com menos trejeitos, mas mais fiel a essência da personagem até agora.
Reeves também deixa no ar o que pode vir adiante nessa nova adaptação, com a permanência do Pinguim, incrivelmente (e irreconhecivelmente) vivido por Colin Farrell e sua escalada na máfia de Gotham. E principalmente a introdução de um novo Coringa, na pele de Barry Keoghan.
The Batman, por fim, é um brinde a tudo que o homem morcego representa. É um brinde a Frank Miller, um brinde a história do personagem, um brinde ao personagem em si, um brinde aos fãs do personagem e principalmente um brinde aos fãs da sétima arte!
Something in the way, Hmmm…
Este artigo foi escrito por Eliezer J. Santos e publicado originalmente em Prensa.li.