The White Lotus - Timing é tudo
The White Lotus é praticamente a definição de estar no lugar certo, na hora certa. A minissérie chegou tímida ao catálogo da HBO Max em meio aos grandes filmes e séries de propriedades intelectuais famosas do grupo Warner e se tornou uma gigante.
Além de ser o nome da série, The White Lotus é o nome do hotel onde toda a história se passa, um verdadeiro resort paradisíaco onde até mesmo os famosos e mimados herdeiros da família Roy (magnatas do seriado Succession) considerariam apropriado tirar umas férias.
A história começa com a chegada de um barco trazendo um grupo de hóspedes e termina com o fim das férias desse mesmo pessoal. Só que a primeira cena te conta que no meio disso vai rolar um assassinato. Anzol e linha arremessados, a curiosidade vai te fisgar para assistir tudo e descobrir quem morreu e as circunstâncias que levaram a isso.
A hora certa
Em julho de 2021 chegou ao catálogo da HBO Max e a programação da HBO o primeiro dos seis episódios de The White Lotus, a partir daí a cada domingo um novo capítulo dessa minissérie difícil de categorizar foi disponibilizado ao público até figurar entre as mais assistidas do ano.
Com mais de um ano de pandemia decorrido, o que tinha sido gravado antes da pandemia já tinha sido publicado para aluguel digital ou colocado em algum streaming. Todo mundo já havia passado daquela fase de rever Friends geral tirou pelo menos uma parte dos títulos acumulados nas listas e aquela fase de rever grandes clássicos do cinema toda semana já estava perdendo a graça.
Nada como uma boa conversa de pai e filho como ruído de fundo pra sua partida de videogame. (imagem: Divulgação/HBO)
Já era hora de um conteúdo novo, que não fosse a reedição de uma pífia reunião de super-hérois, em versão estendida para caberem todos os socos que foram cortados — ou mesmo um filme que estava programado para estrear bem quando o Covid-19 se tornou global, mas deveria ter sido feito e lançado entre 2016 e 2017.
O lugar certo
HBO é lugar de produções caras, de gente que tem dinheiro. Até pouco tempo atrás beirava o impossível pagar seu alto valor limitado aos pacotes mais caros daquela futura antiguidade conhecida como TV a cabo. O tipo de empresa que consegue pagar por um hotel no Havaí.
Maui certamente é uma belíssima ilha (não que eu tenha ido lá ver, mas fica realmente linda na televisão da sala), e filmar a série no requintado hotel 5 estrelas Four Seasons nem deve ter sido tão caro assim (para os padrões da HBO, não do meu saldo bancário), já que o turismo estava em baixa quando foi filmada.
Agora imagine essa paisagem numa televisão de 55” ou maior. Porque pelo preço que essa viagem deve custar em reais, ir lá só rola em sonhos mesmo. (imagem: Divulgação/Four Seasons Hotels and Resorts)
A questão é que filmar em uma ilha é perfeito dada a situação do Covid-19. Todo mundo é testado, ninguém entra, ninguém sai… Assim o vírus não chega e as filmagens são feitas sem arriscar a contaminação de todo mundo presente.
O elenco certo
O cenário é melhor que o de qualquer fundo verde, mas sem um elenco afinado, The White Lotus não iria a lugar algum, então conheça um pouco do elenco e seus papéis.
Temos Murray Barlett fazendo o complexo Armond, que gerencia o hotel tentando manter o refino e cabeça no lugar;
Connie Britton e Steve Zahn como Nicole e Mark, um rico casal tentando se reconectar durante férias em família enquanto ela trabalha demais e ele alterna entre bem triste e bem feliz a todo momento;
Fred Hechinger na pele de Quinn, o filho adolescente do casal que só queria ter ficado em casa jogando videogame;
A outra filha do casal, Olivia, interpretada por Sydney Sweeney como uma jovem cínica que adora dar palestrinha e ficar chapada junto com Paula, (Brittany O’ Grandy), que conheceu Olivia na faculdade, mas fica desconfortável com a diferença de classes e a obsessão por parte de sua amiga;
A eterna mãe do Stifler e amiga da protagonista em Legalmente Loira, Jennifer Coolidge, faz o papel de uma socialite totalmente desconexa da realidade chamada Tanya;
Temos também Natasha Rothwell como Belinda, responsável pelo SPA do hotel e por aguentar as loucuras de Tanya enquanto dá duro para se sustentar;
Completando o elenco, Rachel (Alexandra Daddario) jornalista em lua de mel que ainda está sem saber se foi mesmo uma boa ideia se casar com Shane;
Interpretado por Jake Lacy sendo um babaca mimado, ou atuando como um muito bem. Uma pena saber desde o início que não é ele quem morre.
Até explicar pra o público do hotel The White Lotus que o mundo não gira ao redor deles... (imagem: Divulgação/HBO)
A história certa
The White Lotus tem tudo o que uma boa história precisa, e em doses precisas. Tem calor... céu azul, verde mar. Vem comigo nesse dia lindo! Fantasia no… Opa! Acho que me empolguei aqui. Voltemos a falar da minissérie.
Os personagens são tão bons que você fica sem saber de qual gosta mais, desde que não tenha que passar férias com eles, claro. Se for pra odiar alguém, eu já deixo meu voto pra odiarmos o bacana do Shane.
Tudo se encaixou tão bem, tudo fluiu de forma tão natural, que a série cresceu no boca-a-boca (respeitando distanciamento social de 2 metros entre cada boca) e The White Lotus se tornou um sucesso tão grande que foi renovada!
Mas como continuar uma história que ficou tão bem fechada? — Você talvez se pergunte — Daria certo simplesmente levar outros hóspedes para o mesmo hotel e ver o que acontece?
The White Lotus cresceu tanto que deixou de ser mini! A minissérie será transformada em uma série antológica. Então assista essa maravilhosa série sabendo que futuro teremos, aos moldes de Fargo e American Horror Story. Uma nova temporada com outro hotel, outros hóspedes malucos e outra equipe sofrendo para dar conta dos caprichos dos ricos.
Este artigo foi escrito por Gustavo Borges e publicado originalmente em Prensa.li.