TI: por que está ocorrendo a carência de profissionais na área?
Atualmente, é de se notar a alta taxa de desemprego em nosso país. Segundo o IBGE (Instituto Brasileito de Geografia e Estatística), o desemprego caiu 10,5% no mês de abril deste ano, porém ainda falta trabalho para mais de 11 milhões de brasileiros, levando em conta a necessidade de pessoas qualificadas para as tarefas corporativas.
Os dados se tornam um sinal de alerta quando analisados no setor da tecnologia.De acordo com a Brasscom, instituição voltada para a transformação digital, estima-se que o déficit de profissionais voltados para a área de TI deve chegar até 797 mil até 2025, um número bastante alarmante para o mercado, embora empregos no setor de tecnologia estejam em alta.
A questão principal deste cenário é os bastidores dessa trama trabalhista: há muitas vagas surgindo devido ao crescimento da tecnologia nas empresas, contudo, há escassez de funcionários para preencher estas vagas. O motivo para compreender o porquê disto estar acontecendo nas entrelinhas da economia veremos adiante nos próximos tópicos.
Fuga de cérebros
(Imagem: Brasil Escola UOL)
O termo “Fuga de Cérebros" é estudado na Geografia e classificado como um fenômeno mundial que ocorre quando profissionais qualificados não exercem mais suas habilidades em seu país de origem e começam a colocar em prática seus dons profissionais em solo extrangeiro.
Para o Brasil, este fato se torna uma calamidade, pois, a fuga de cérebros pode provocar, a longo prazo, um panorama de estagnação econômica e desvalorização da mão de obra extremamente qualificada.
No caso da demanda de profissionais da tecnologia de informação, consoante ao blog Tiinside, website voltado para temáticas de inovação digitais, com a chegada da pandemia em 2020, o trabalho em formato digital e remoto, levaram profissionais experientes com conhecimentos em idiomas a serem desejados em outros países.
Deste modo, é de se avaliar a valorização de pessoas aplicadas para o cargo, oferecendo melhores garantias e benefícios para manter a mão de obra, garantindo também, o crescimento institucional da corporação.
Os jovens no mercado
(Imagem: Folha PE)
O mercado de trabalho tem um ponto de início na educação: o ensino superior e técnico. De acordo com o IBGE, o nosso país possui taxa populacional voltada para a faixa etária juvenil. Logo, o ambiente acadêmico e trabalhista se torna dominado por esta parte da população.
Inserindo este dado na temática, a falta de profissionais no ramo tecnológico pode ser produto da ausência de mão de obra provinda dos jovens do país. Segundo o professor Ildeberto Aparecido Rodello, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP), “a pandemia acelerou o processo de automatização de serviços, mas a disponibilidade de profissionais não segue o mesmo rumo, e para isso, seria necessário que o país enfrente o “desafio de atrair os jovens para a profissão.”
Para o professor Rodello, os jovens da atualidade não possuem interesse em ter um futuro voltado em trabalhos de TI. Infelizmente, a tese do de Rodello se confirma em um estudo feito no ano passado por uma empresa britânica de análise de dados, Exasol, que entrevistou 1.000 pessoas da faixa etária de 16 a 21 anos. A surpresa foi que 49% dos jovens não possuem interesse em seguir carreira no campo das ciências de dados.
Contudo, não são todos os jovens que pensam assim, pois ainda há um número valoroso quanto ao estudantes de TI. Entretanto, outro empecilho acontece: as empresas que buscam profissionais qualificados na área da tecnologia da informação, não estão contratando aqueles que estão começando no setor.
Isso se deve pelo fato das corporações buscarem um especialista excepcional na área , sendo que este, busca condições melhores de trabalho fora do próprio país (fuga de cérebros), deixando assim muitas vagas abertas mas poucos capacitados para conquistá-las.
Luís Leão, desenvolvedor evangelista da Twilio, escreveu um artigo para Tiiside:
“[...] precisa ser levado em conta que há uma necessidade de mudar a mentalidade das empresas na sua busca por talentos. Eles precisam abraçar os iniciantes, se propondo a transformar eles em profissionais melhores, sempre mantendo, claro, salários competitivos conforme eles se desenvolvem.”
Então, como resolver o problema?
Diante de todo esse cenário apresentado, é possível estabelecer algumas possíveis soluções para a adversidade encontrada referente a falta de profissionais qualificados na área de TI.
O CanalTech, blog com temáticas voltadas para o ramo tecnológico, acredita que um possível caminho para a resolução da emblemática seria um treinamento corporativo oferecendo uma oferta de formação a colaboradores que as companhias já têm.
A ideia é investir na carreira de TI dos próprios funcionários da empresa, visto a necessidade de encontrar profissionais a altura das qualificações desejadas. Desta forma, até a contratação de iniciantes no mercado de TI poderão ser admitidos ao emprego, pois até mesmo eles terão um suporte de conhecimento para se tornar o próprio profissional qualificado.
Haja vista que em nosso país, por ano, são formados cerca de 45 mil trabalhadores de tecnologia, sendo que surgem cerca de 70 mil vagas por ano nessa área, conforme outra pesquisa da Brasscom, treino e cursos oferecidos internamente na corporação se tornou uma saída para suprir a demanda de funcionários, além de garantir melhores condições e benefícios trabalhistas a fim de manter os serviços do contratado.
É esperado que esse cenário se ajuste no decorrer dos anos. O mercado de trabalho, agora reinventado devido a pandemia da Covid-19, não irá perder a oportunidade de se transformar cada vez mais. A falta de profissionais habilidosos no comércio da tecnologia é um sinal de que estes capacitados irão inovar a esfera trabalhista em passos futuros.
Este artigo foi escrito por Sarah Gomes e publicado originalmente em Prensa.li.