Tolkien Reading Day
"Em um buraco no chão vivia um hobbit". A frase, deu início ao livro que se tornaria O Hobbit (1937), um marco no mercado literário.
Assim fomos levados pela primeira vez à Terra Média, o mundo misterioso, mágico e repleto de perigos, habitado por elfos, anões, dragões, magos e onde pessoas pequenas — até menores que os próprios anões, acredite — podem relaxar com seus cachimbos.
O sucesso da obra possibilitou que John Ronald Reuel Tolkien fizesse tal qual Bilbo Bolseiro: iniciasse uma aventura, que culminou nos três volumes de O Senhor dos Anéis. Como você já sabe, tais obras encantam crianças e adultos há mais de 80 anos.
O nome pelo qual todos o conhecem é J. R. R. Tolkien. Ele nasceu em Bloemfontein, na África do Sul, no dia 3 de janeiro de 1892 e foi escritor, filólogo, professor universitário e especialista em línguas Anglo-Saxônicas, alemão e literatura clássica na Universidade de Oxford
O conhecido Pai da ‘Alta Fantasia' foi responsável por criar um universo rico em mitologia e regras internas próprias. Diversos autores admitiram que se inspiraram no trabalho do britânico, como George R.R. Martin, Neil Gaiman, Isaac Asimov, Stephen King e C.S. Lewis. Este último era um amigo próximo de Tolkien, e chegou a ler os originais de ‘O Senhor dos Anéis’.
J. R. R. Tolkien, em meio aos seus livros na Merton College, em Oxford - 02/12/1955 Haywood Magee/Getty Images
Idiomas Tolkienianos
Como acadêmico, Tolkien possuía um vasto conhecimento do folclore, mitos e contos de fadas pagãos e pré-cristãos europeus. Ele se entretinha, por exemplo, escrevendo poemas narrativos de temas fantásticos e inventando línguas rúnicas élficas do zero.
Sua paixão por línguas antigas o levou a criar suas próprias linguagens, e muitas delas estão presentes em suas obras. Os mais conhecidos são o quenya e o sindarin, duas das várias línguas faladas pelos elfos da Terra Média.
O quenya é o idioma élfico mais antigo na Terra Média, sendo que Tolkien desenvolveu toda a língua inspirado pela fonética do finlandês. Como precisava de um alfabeto, Tolkien inventou as tengwar e, para representar os sons de vogais, as tehtar, símbolos visuais que substituem os alfabetos da nossa história humana.
O outro idioma élfico desenvolvido para a saga do Senhor dos Anéis, o sindarin, é baseado no galês e chegou a ser a língua mais falada na Terra Média.
Obras que marcaram gerações
Apesar do impacto de suas publicações, muitas delas foram feitas após a morte de Tolkien. Alguns livros foram editados com base em suas extensas anotações. Seu filho, Christopher Tolkien, foi responsável por reunir todas essas anotações e editá-las para formarem os livros.
Obras finalizadas por Tolkien
O Hobbit
Sobre Histórias de Fadas
Mestre Gil de Ham (história curta)
O Senhor dos Anéis
As Aventuras de Tom Bombadil (coletânea de poesias)
A Última Canção de Bilbo (poema)
Publicações póstumas (por Christopher)
O Silmarillion
Contos Inacabados
The History of Middle-earth (não publicado no Brasil)
Os Filhos de Húrin
Beren e Lúthien
A Queda de Gondolin
Tolkien além de escrever, ilustrava suas histórias - Créditos : The Guardian
Não apenas os estudos de Tolkien influenciaram em suas obras, mas sua própria vida pessoal. A épica história de amor entre o mortal Beren e a donzela imortal Lúthien, narradas no Silmarillion, tem como inspiração o autor e sua mulher, Edith.
Na história Beren, um homem mortal se apaixona por Lúthien, uma bela élfa. O problema é que a relação não é aprovada pelo pai de Lúthien, líder dos Elfos. A Beren é imposta uma missão impossível: roubar uma preciosa joia de Morgoth, o Senhor do Escuro. Somente assim ele receberia permissão para se casar com a amada.
Vemos um reflexo na realidade de Tolkien, já que este tinha 16 anos quando se apaixonou por Edith, de 19, ambos já órfãos na época. O obstáculo se encontrava no fato do tutor de Tolkien acreditar que Edith distraia o autor de seus deveres acadêmicos, sem contar que Edith era de religião anglicana, já Tokien, católico.
Somente aos 21, quando se tornou legalmente adulto ele entrou em contato com Edith, declarando-se a ela e pedindo-a em casamento.
Ilustração de Tolkien mostrando Bilbo Bolseiro em sua toca - Créditos:Openculture
Adaptações
Com universo rico de Tolkien não foi surpresa quando suas obras começaram a ser adaptadas. O cineasta neozeolandês Peter Jackson adaptou sua trilogia de O Senhor dos Anéis entre 2001 e 2003, e a partir de 2012 lançou três filmes baseados n’O Hobbit.
Os filmes da primeira trilogia faturaram quase US$ 3 bilhões e conquistou 17 estatuetas do Oscar. Já O Hobbit: Uma Jornada Inesperada, arrecadou US$ 1 bilhão. Um retorno generoso e um tremendo sucesso, mesmo que a adaptação de O Hobbit tenha sofrido muito pela expansão de um livro em três filmes.
Mas as duas trilogias, não estão nem perto de mostrar toda a história da Terra Média de Tolkien. Em novembro de 2017, a Amazon anunciou que havia adquirido os direitos globais da televisão para a obra de Tolkien.
Nova foto do set de filmagens da série de ‘O Senhor dos Anéis’. Imagem: Amazon Studios/Reprodução
A nova série da Amazon Prime Video intitulada simplesmente como “O Senhor dos Anéis” busca iluminar algumas partes menos populares dessa história para o grande público. Na véspera do Tolkien Reading Day, 24 de março, os fãs da saga receberam mais notícias sobre a adaptação.
Além da uma nova foto do set de filmagens na Nova Zelândia, foi anunciado um dos diretores da produção: Wayne Che Yip (‘Patrulha do Destino’, ‘Doctor Who’). Yip irá comandar quatro capítulos de ‘O Senhor dos Anéis’. Ele se junta a J.A. Bayona (‘Jurassic World: Reino Ameaçado’) na equipe de direção.
O Tokien Reading Day é no dia 25 de março, já que é a data em que ocorre a derrota definitiva de Sauron e a queda de Barad-dûr. Neste mesmo dia os Povos Livre da Terra Média comemoram o Retorno do Rei e o início da Quarta Era.
Todo ano 'The Tolkien Society' estipula um tema das leituras e em 2021 ele é Esperança e Coragem, algo que não falta nas obras de Tokien, principalmente quando falamos de Samwise Gamgee.
Este artigo foi escrito por Luana Brigo e publicado originalmente em Prensa.li.