Top 5 produções sobre segurança digital e privacidade de dados
Em plena pandemia, um dos assuntos mais comentados é a segurança digital.
O aumento de tráfego online e migração para home office colaborou para que ataques como phishing fossem mais frequentes, atraindo um grande número usuários para links ou arquivos maliciosos. Isso se tornou uma porta de entrada para que hackers vazassem dados sensíveis e até assumissem o controle do dispositivo da sua vítima.
Só em dezembro de 2020 foi observado um aumento de 860% nas tentativas de invasão a sistemas de empresas industriais, segundo levantamento feito pela empresa de segurança cibernética TI Safe. Sendo que mais de 8,4 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos atingiram o Brasil no mesmo ano.
E não é de hoje que problemas da nossa realidade inspiram roteiros de cinema e produções de televisão.
A seguir destacamos algumas produções relacionadas ao universo cibernético, como segurança da informação e privacidade de dados:
Privacidade Hackeada (“The great hack”)
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Em 17 de março de 2018, descobriu-se que dados de mais de 50 milhões de usuários do Facebook foram utilizados sem o consentimento destes pela empresa britânica Cambridge Analytica. Um mês depois a rede social revelou que o número era maior: 87 milhões. Esse é o cenário apresentado pelo documentário Privacidade Hackeada (2019), produzido e dirigido por Jehane Noujaim e Karim Amer.
Tratava-se de uma empresa de análise de dados que trabalhou com o time responsável para campanha do republicano Donald Trump nas eleições de 2016, nos Estados Unidos. Na Europa, a empresa foi contratada pelo grupo que promovia o Brexit, movimento político em prol da separação entre a Grã-Bretanha e a União Europeia. As informações tinham como finalidade impactar no resultado das eleições presidenciais dos EUA e na opinião pública e referendos acerca do Brexit.
O acesso aos dados veio por conta de um aplicativo de teste psicológico na rede social. Todas as pessoas que participaram dele acabaram por entregar à Cambridge Analytica não apenas suas informações, mas os dados referentes aos seus amigos do perfil. A denúncia foi feita pelos jornais The New York Times e The Guardian.
Sujeito a Termos e condições (“Terms and Conditions May Apply”)
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Um bloco gigante de texto. Letras miúdas. Este é o famoso “termos e condições”, que apesar de ser bem conhecido por qualquer pessoa, não é de fato lido por quase nenhuma em sua totalidade. Afinal, para que devemos nos dar esse trabalho?
O documentário “Terms and conditions may apply” (2013) mostra quais as implicações em aceitar os “termos e condições” de serviços gratuitos de aplicativos que usamos em nosso dia a dia.
A produção compara, por exemplo, as políticas de privacidade do Google e Facebook, evidenciando o quanto elas já mudaram desde que foram criadas. Um dos principais motivos — ou justificativa para essa mudança — foi o atentado às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001.
O documentário também menciona o “Ato Patriótico”, decreto do presidente estadunidense George W. Bush feito em outubro de 2001 que permitia às agências governamentais vasculhar a vida online e telefônica de cidadãos americanos, para prevenir ataques terroristas.
O quinto poder (The Fifth Estate”)
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Todos já ouvimos falar alguma vez do WikiLeaks. Lançada em 2006, a plataforma recebia denúncias anônimas, especialmente de jornalistas, políticos, dissidentes e ativistas, sobre segredos de Estado e crimes corporativos.
Pouco tempo depois de seu lançamento, o site já era responsável pela publicação de dados que geraram grandes escândalos, mas só em 2010 a fama do WikiLeaks cresceu, já que o site ficou na mira das autoridades.
Naquele ano, Chelsea Manning (conhecida antes como Bradley), militar transexual das Forças Armadas dos EUA, vazou documentos ultrassecretos do governo norte-americano. Isso incluía um vídeo de jornalistas da agência Reuters sendo mortos por soldados norte-americanos, que os confundiram com terroristas, em Bagdá no ano de 2007.
O longa-metragem, “O quinto poder” (2013), dirigido por Bill Condon, fala sobre a fundação da plataforma por Julian Assange, com o apoio de seu amigo Daniel Domscheit-Berg. O “Sherlock da BBC”, Benedict Cumberbatch, interpreta Assange, enquanto Daniel Brühl interpreta Domscheit-Berg.
Na época em que a produção chegou aos cinemas ela gerou uma grande polêmica, pois Assange afirmou que não endossava a dramatização realizada por Bill Condon. E já que ele entende de vazar conteúdos secretos, postou todo o roteiro do filme antes de sua estreia, explicando que este estava repleto de mentiras.
O roteiro do filme foi baseado no livro de Daniel Domscheit-Berg, seu antigo sócio, que não saiu do Wikileaks de forma amigável.
Mr. Robot
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A série “Mr. Robot” chamou a atenção de todos ao apresentar o mundo da invasão de sistemas e suas consequências. Chamou mais atenção ainda por um detalhe: ela contou com uma assessoria técnica especial, para trazer um retrato mais fiel da segurança da informação e privacidade de dados como conhecemos hoje. Ou seja: é uma série que foge das cenas clichês em que o ator fala alguma besteira sobre firewalls, digita ferozmente no teclado e grita “estamos dentro!”.
Criada pelo roteirista, produtor e diretor egípcio-americano Sam Esmail, a série conta a história de Elliot Alderson, interpretado por Rami Malek (vencedor do Oscar por Bohemian Rhapsody), um hacker e engenheiro de cibersegurança que sofre de depressão e transtorno de ansiedade social.
Elliot atua como especialista em segurança da informação durante o dia, mas de noite age como um hacker, fazendo sua justiça ao expor criminosos e abusadores Ele se vê em uma encruzilhada ao ser chamado por um grupo de ativistas hackers para destruir a empresa em que trabalha, já que esta, na visão deles, quer controlar o mundo. A partir daí, ele passa a lutar contra a organização enquanto finge que a protege.
O Círculo (“The Circle”)
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Implantação de microchips. Vigilância em massa. Este filme evidencia como a transparência completa e a consequente ausência de privacidade podem levar a sérios resultados. Lançado em 2017, O Círculo conta com Emma Watson (“Harry Potter”), Tom Hanks (“Forest Gump”) e John Boyega (“Star Wars: O Despertar da Força”) no elenco.
A trama gira em torno de Mae (Watson), uma jovem contratada pela maior e mais poderosa empresa de tecnologia e rede social do mundo. Ela é convencida pelo fundador da organização a participar de um experimento que desafia os limites da privacidade, ética e, consequentemente, liberdade pessoal. Ao se deixar levar pelas políticas da empresa, Mae corre sério risco de perder sua própria identidade, além da sua privacidade pessoal.
E 2021?
Fraudes, vazamentos de dados e falhas de segurança marcaram 2020. O Ministério da Saúde, por exemplo, enfrentou as consequências de falhas em seus portais, deixando dados de milhões de brasileiros expostos. Na primeira falha foram vazados dados 16 milhões de pacientes de COVID-19, como CPF, endereço, telefone e doenças pré-existentes. Da segunda vez, os dados de 243 milhões de brasileiros ficaram expostos por 6 meses.
Dentre as tendências de cibersegurança para um 2021 diferente podemos esperar por mais recursos integrados com Inteligência Artificial, instituições de saúde redobrando sua atenção à segurança de dados, recursos de segurança mais direcionados aos dispositivos móveis, melhoria dos métodos de autenticação e treinamentos de segurança elaborados.
O mundo do entretenimento já está preocupado - há bastante tempo – com as ameaças do mundo da internet.
E o lado de cá, no mundo físico? Estamos todos prestando atenção?
Este artigo foi escrito por Luana Brigo e publicado originalmente em Prensa.li.