Trabalho presencial ou remoto: cabo de guerra?
"Se não quiser trabalhar presencial tem um monte de gente querendo"
"Já está chato esse home office eterno"
"Vai durar até quando esse home office?"
"Home office é para quem quer ficar em casa descansando, na maré boa, água de côco e sombra fresca. Trabalho mesmo é para quem se esforça e levanta cedo todo dia."
Estas são falas comuns ouvidas e faladas no dia a dia pelas pessoas sobre o mercado de trabalho em 2022.
Este tema é amplo, com muitas camadas, como a de uma cebola. Não é possível tocar sobre todas as dimensões em um artigo só; mas sim sobre pontos importantes e que estão chamando mais atenção no momento.
Que a leitura seja proveitosa.
No início da Covid-19, todo trabalhador teve que obrigatoriamente transformar seu modo de trabalho e lidar com as emoções em um cenário mundial de incertezas. E na velocidade da luz.
O que antes era uma função restrita apenas ao lugar de trabalho, adaptou-se para sua própria casa. Segundo estudo, 85% das empresas fizeram este movimento na pandemia. As lideranças tiveram imensa responsabilidade e dificuldade em gerenciar e lidar com o formato remoto/híbrido de modo abrupto, sem capacitação para tal.
Algumas perguntas (entre tantas) surgiram na cabeça dos trabalhadores:
Como separar os limites entre trabalho e casa? Qual formato tem mais beneficio? Qual formato agrega mais? Como ter uma interação efetiva com as pessoas da equipe? Elas estão conseguindo produzir de fato, mesmo a distância? Como mensurar?
Um dos questionamentos, em 2020, era sobre haver ou não benefícios no remoto; e quais eram. Além disso, a comparação entre o presencial x remoto. Falava-se, à época de um "novo normal". Tudo estava diferente. As pessoas e o mundo.
Contudo, este questionamento que surgiu em 2020, continua existindo em 2022.
Dessa forma, de lá para cá, surgiram diversos estudos e pesquisas relacionadas ao assunto para tirar a inquietação global.
Alguns benefícios do remoto encontrados foram:
1. Flexibilidade
2. Autonomia na gestão do tempo.
3. Autonomia de escolha do horário de melhor produção de trabalho
4. Estar em casa.
5. Mais tempo com a família.
6. Os introvertidos e tímidos se sentem melhores e mais confortáveis
7. Flexibilização geográfica
8. Menor tempo nos transportes públicos, gastos com os mesmos e migração/movimento pendular
9. Menos custo para as empresas
Além disso, o remoto ofereceu versatilidade, dinamismo, capacidade de produção e comunicação independente de um local específico e adaptação a qualquer ambiente.
A Microsoft fez um estudo e constatou que das 18h às 20h as pessoas estavam trabalhando e às 16h buscando seus filhos na escola.
Entretanto, como nem tudo são flores, contrastes também são importantes:
O isolamento e distanciamento entre as pessoas, a solidão, a depressão, o burnout, a ansiedade aumentaram consideravelmente desde o início da pandemia.
Recentemente, o dono do Twitter, - vulgo Elon Musk - , pediu a volta do formato presencial dos funcionários da Tesla, com risco de demissão.
Se um empreendedor global no nível do Elon apoia o formato presencial; outros líderes irão se inspirar e vê-lo como influência.
Os formatos de trabalho remoto/híbrido ou presencial têm seus prós e contras e a intenção é que não seja uma batalha travada e o início da Terceira Guerra Mundial, mas precisamos como líderes decidir o que se adequa melhor ao coletivo, o que causa melhor bem estar às pessoas, saúde mental e que faça mais sentido à realidade de vida delas; sem prejudicá-las a longo prazo; principalmente em um mundo pós pandêmico, com avanços tecnológicos e com inovação.
Esse é o futuro. O que a pandemia trouxe de legado - a duras penas -, sem dúvidas, é que o ser humano é integral, um todo: saúde, sua saúde mental, familiar, financeiro, espiritualidade[como ele assim o entender], trabalho, social, o mundo, o coletivo. Se não for desta forma, ele não funciona, de modo a integrar e equilibrar todas as partes.
O sentido é que o trabalho não seja um pesar, um fardo, mas que proporcione o melhor convívio, bem estar e conexão entre as pessoas.
Este artigo foi escrito por Fernanda Cantalice e publicado originalmente em Prensa.li.