Transformação Financeira: a revolução além do Setor Bancário
A dinâmica revolucionária introduzida pelo Open Finance e seu impacto em diversas indústrias.
Imagine um futuro onde a fronteira entre setores desaparece e cada indústria se torna um terreno fértil para a inovação financeira.
Este é o panorama delineado pelo Open Finance, que não apenas revoluciona a indústrica bancária, mas reescreve a narrativa sobre como concebemos e experimentamos os serviços financeiros de modo geral.
Em um painel do Open Finance Conference 2023, os especialistas Carlos Oliveira, CEO e Co-founder da Certdox, Fabiano Cruz, CEO e Co-founder da Zoop, e Ingrid Barth, COO e Founder da Linker, destacaram como os mecanismos do Open Finance possibilitam inovações, integrando-se a diferentes setores e oferecendo soluções financeiras transformadoras, ao mesmo tempo em que posicionam o Brasil como protagonista na transformação da indústria financeira mundial.
A evolução da Indústria Financeira
A transformação ocasionada por iniciativas como o Pix e o Open Finance vai além da simples adição de serviços financeiros a outros setores. A palestra explora como o Open Finance está decompondo os serviços tradicionais, como pagamentos, crédito e seguros, transformando-os em elementos tecnológicos catalisadores dessa evolução, permitindo a integração de diferentes "peças de Lego" financeiras em diversos ecossistemas.
A ascensão dos bancos contextuais destaca a mudança de paradigma que estamos vivendo, já que, ao contrário dos bancos tradicionais, eles se concentram em fornecer serviços financeiros de forma específica e integrada em diferentes plataformas e setores.
A capacidade de oferecer soluções financeiras de forma ágil e personalizada, sem a necessidade de recorrer a bancos tradicionais, abre portas para oportunidades significativas. Exemplos como o iFood e o Mercado Pago mostram como a monetização de serviços financeiros pode superar os modelos de negócios principais.
“Não só com relação a um superapp, por exemplo, em que você consegue fazer uma administração melhor, mas você consegue de fato ter essa liberdade de fazer a sua curadoria de produtos e serviços financeiros.
É aí que mora o brilhantismo, (…) eu acho que a grande coisa que o Open Finance, traz é realmente (…) atender muitos nichos usando a tecnologia, a IA, para personalizar cada vez mais sem ter essa essa necessidade de fazer várias aplicações”, comenta Ingrid Barth.
Desafios culturais e a competição neste novo cenário
No contexto do Open Finance, o cenário de competição traz consigo desafios culturais significativos, especialmente para os bancos tradicionais que enfrentam uma mudança radical de suas estruturas. O desafio cultural é mais do que uma simples adaptação tecnológica; é uma transformação profunda na mentalidade institucional.
Enquanto as Fintechs surgem com uma abordagem ágil, moldada na nuvem e orientada para o cliente, é necessário que as instituições superem obstáculos culturais arraigados, muitos dos quais se manifestam em estruturas burocráticas e processos morosos. Já a agilidade e flexibilidade das Fintechs, por outro lado, permitem uma resposta rápida às demandas do mercado.
Para Fabiano Cruz, “existe, claro, uma pressão de todos os lados para que todo mundo se movimente mais rápido, então você vê também os bancos se movimentando mais rápido, porque eles têm um desafio cultural gigantesco”.
O desafio cultural se estende à própria competição, onde a coexistência de grandes bancos e Fintechs exige compreensão mútua e adaptação contínua. Enquanto os bancos tradicionais enfrentam a transformação cultural em seus processos, as Fintechs precisam entender a importância de aproveitar a expertise e infraestrutura já existentes nas grandes instituições.
A competição, portanto, não é apenas tecnológica, mas uma corrida para superar barreiras culturais e promover uma sinergia que beneficie todo o ecossistema financeiro. Este novo paradigma exige a promoção da agilidade, a colaboração e a adaptação constante.
O protagonismo do Brasil
No que diz respeito ao impacto global do Open Finance, portas estão sendo abertas para redefinir as interações entre setores diversos e instituições financeiras. Nesse contexto, o Brasil assume um papel proeminente ao oferecer soluções inovadoras e uma infraestrutura robusta, como evidenciado pelo sucesso da implementação do PIX.
Ao desagregar os serviços financeiros tradicionais, o país cria oportunidades para uma personalização mais eficaz, permitindo que empresas de diversos setores incorporem elementos financeiros de forma flexível. À medida que o Brasil se consolida como referência nesse novo paradigma financeiro, seu impacto transcende fronteiras, influenciando positivamente a forma como o mundo enxerga e adota soluções financeiras inovadoras.
“O sucesso do Pix não foi só o Pix em si, mas também esse ecossistema com a operabilidade que conseguiu levar para qualquer pessoa (…) isso incluiu muita gente, milhões de pessoas - ao contrário de alguns países que criaram o pagamento instantâneo, mas não tinham esse ecossistema desenvolvido”, afirma Carlos de Oliveira.
Ao alavancar a tecnologia e a inovação, o país não está apenas mudando a forma como lidamos com dinheiro; está definindo um novo padrão para a experiência financeira, abrindo portas para um ecossistema mais dinâmico e inclusivo, que transforma a maneira como concebemos e integramos as finanças em nossas vidas. O Brasil, ao se posicionar no epicentro dessa revolução, não só adota a mudança, mas também a impulsiona.
À medida que abraçamos esse futuro financeiro aberto, o país está mais que acompanhando a evolução; está liderando o caminho para uma era em que a revolução financeira pode ser sinônimo de Brasil.
Artigo escrito com base no painel Desafiando o Status Quo - Fintechs, Bancos e o Futuro dos Pagamentos do Open Finance Conference 2023, que contou com a participação de Carlos Oliveira, CEO e Co-founder da Certdox, Fabiano Cruz, CEO e Co-founder da Zoop, e Ingrid Barth, COO e Founder da Linker.