A trilha sonora da sua vida é realmente sua?
Alguma vez você já parou para pensar na trilha sonora da sua vida?
Imaginou a sua história passando num telão de cinema e em cada momento sabia colocar a música certa para embalar as cenas?
Se ainda não, tire uns minutos e faça isso antes de continuar a leitura.
Num quadro geral da minha vida eu consigo listar 10 músicas que não poderiam faltar no meu filme biográfico, são elas: É como a chuva que lava (Padre Zezinho), Felicidade (Eliana), Cartas pra você (Nx Zero), The Heart Never Lies (McFLY), A Drop in the Ocean (Ron Pope), Carry On My Wayward Son (Kansas), Brother (Needtobreathe), Little Giant (Roo Panes), Acalma minha tempestade (Frei Gilson) e Perfect (Ed Sheeran).
Ufa, foi difícil.
Mas cada uma delas contém um pouco do que eu sou hoje.
Percebeu isso na sua trilha sonora?
Cada uma dessas músicas, quando eu ouço, desperta lembranças e bons sentimentos no meu coração. É uma trilha variada: tem artistas famosos, alguns nem tanto, músicas tema daquilo que assisti por muito tempo e também aquelas que marcam uma fase da vida.
Para quem me conhece mais de perto, poderá ver essa lista e imediatamente conectá-la a mim, acontece o mesmo com a sua?
Espero que sim.
Espero que ao montar a sua trilha sonora você tenha parado, refletido sobre a sua vida e escolhido aquilo que fazia sentido na sua história e não aquilo que está na moda ou que mais combina entre si.
Este é um exercício que nos coloca diante de uma oportunidade de reflexão e decisão, atitudes que nos tornam mais humanos e em controle da própria vida.
Se foi muito difícil para você fazer essas escolhas ou, se ao finalizá-las, você percebeu que a trilha sonora da sua vida pode ser a mesma da maioria das pessoas que você conhece, talvez a vida, os costumes, a moda, as opiniões de terceiros tenham passado a frente da sua individualidade.
Diante disso, Michel Quoist, um autor/padre francês, nos recorda que precisamos parar de agir no automático, recuar e contemplar a vida, pois refletir sobre ela é tomar posse da vida.
Agora entramos em uma outra questão: quando a gente para? Silencia? Reflete?
Estamos sempre recebendo estímulos, fotos, cores, trabalho, cobranças, barulhos, música e ao fim do dia, notamos que agimos no automático. Que as coisas foram feitas sem pensar muito nelas, desde o almoço até a execução de uma tarefa.
Entre esses estímulos, está a música que ouvimos durante o dia, que mesmo sem perceber, é incorporada na construção do pensamento, dos sentimentos e da nossa imaginação. Chegando ao ponto de influenciar diretamente o nosso modo de agir.
Com um poder tão grande em mãos, será que não seria necessário recuar e pensar melhor naquilo que estamos ouvindo? Tomar posse dessa oportunidade de enriquecimento e não apenas deixar a música rolar, certo?
Neste momento você pode estar se questionando: o que ela quer dizer com tudo isso? Eu ouço aquilo que gosto, faz o tempo passar e me entretém.
Ótimo, a questão que eu trago aqui é o poder de escolha quando você sabe que pode escolher e exerce esse direito.
Pois é quando fazemos isto que a nossa vida se torna realmente nossa, que nos tornamos pessoas únicas.
As músicas que você ouve, o modo como se veste, aquilo que assiste são escolhas que precisam ser suas.
E agora, a sua trilha sonora ainda faz sentido para você?
Se sim, ótimo, se não, tudo bem, estamos em construção até o fim dos nossos dias. Temos o hoje para refletir, decidir e agir conscientemente e é dessa forma que paramos de viver como autômatos, presos à mesmice, e nos tornamos verdadeiramente adultos.
Imagem de capa - Fixelgrapfy - Unsplash
Este artigo foi escrito por Raquel Carolina Pedrotti e publicado originalmente em Prensa.li.