Turismo de volta
Já notaram que os pipoqueiros andam tristes? Se perguntarmos o por quê, certamente dirão que a culpada é a maldita pandemia. Há mais de um ano ela vem prejudicando os diversos setores da economia não só no Brasil, mas em todo o mundo.
Se aprofundarmos no assunto com esses trabalhadores informais, diremos que realmente o consumo da população de cada região do país reduziu de uma forma geral. Só que, imediatamente, eles vão nos fazer ver que a falta de turistas em nosso território verde e amarelo agrava ainda mais a situação dos vendedores da saltitante iguaria. Mas como isso é possível?
Em uma breve análise podemos perceber que, por meio do turismo, são beneficiados, anota aí: companhias aéreas, de ônibus interestadual, de cruzeiros marítimos, entre outras de navegação, hotéis, resort, pousadas, albergues, restaurantes, cinemas, teatros, shopping, frotas de táxi, de uber e tantos outros, inclusive, o nosso pipoqueiro que, também, saúda os turistas porque eles proporcionam alto impacto na economia.
Lage e Milone (2001), em seu livro Economia do Turismo, citam alguns impactos positivos que o turismo pode proporcionar na economia de um país:
- aumento da renda do local visitado pela entrada de divisas;
- estímulo a investimentos e geração de empregos;
- contribuição para a redistribuição de riquezas;
- efeito multiplicador.
Mas a pandemia, desde março de 2020, fez com que esse segmento, no Brasil, perdesse R$ 355,2 bilhões em receita, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo - CNC. Além disso, provocou o fechamento de mais de 35 mil estabelecimentos em 2020. Acrescenta, o CNC, que o turismo brasileiro opera abaixo da sua capacidade, com apenas 48% da possibilidade mensal de geração de receitas. Essa é a notícia ruim da crise econômica e sanitária, mas temos boas novas?Se trabalharmos eficientemente para reverter esse quadro, sim.
Para Fabio Bentes, economista da CNC, “a segunda metade do ano deve ser melhor, se conseguirmos superar a segunda onda da pandemia no Brasil". Ele prevê um avanço de 18,8% no volume de receitas do turismo em 2021. Conclui-se, portanto, ser imprescindível a vacinação da população e a adoção sistemática das demais medidas sanitárias recomendadas. O economista avalia, ainda, que o setor turístico só deve recuperar ao fim de 2022 o nível médio de geração de receitas mensais do período pré-pandemia.
Paralelamente, é necessário preparar o país para acolher os visitantes ou mesmo incentivá-los a conhecer nossas belezas naturais e tantos tipos de turismo que são possíveis nesse imenso território. Integrar os principais participantes desse mercado tem que ser prioridade. Não dá para se construir nada isoladamente. Desenvolver um excelente planejamento turístico e executá-lo é tarefa fundamental, sem perder de vista a criação de locais atrativos e a sua preservação. Em Buenos Aires, Argentina, por exemplo, até em cemitério se faz passeio turístico. Você ainda pode elencar outras várias necessidades.
Estamos em um momento de transição rumo à pós-pandemia e as perspectivas para o segmento parecem ser muito otimistas. Vamos, então, corrigir os problemas que sempre relegamos a segundo plano e nos preparar para o boom que se espera quando o planeta voltar a estender os seus braços para a hospitalidade que agora, por motivos de força maior, não é aconselhável.
Os produtores de milho de pipoca já podem aumentar significativamente a produção desse insumo porque se espera que, na próxima safra, o volume decole e os pipoqueiros possam voltar a sorrir e ampliar o número de carrinhos para acolher tantos grãos que vão estourar em vendas. Mas para isso não podemos esquecer: temos que construir uma excelente imagem e produtos turísticos de qualidade de forma que sejam percebidos pelos nossos visitantes.
Imagem de capa - Foto: Rafael Leão - Maceió - AL - via Unsplash
Este artigo foi escrito por Jorge Alexandre de Sousa Machado e publicado originalmente em Prensa.li.