UFO: agora é sério
"Amor, tem uma luz estranha seguindo a gente!" / Imagem: Miriam Espacio/Pexels
Foi-se o tempo em que “discos voadores” eram coisa de maluco, nerd, charlatão ou no máximo de filmes da Sessão da Tarde.
Em meados de 2020, a Marinha dos Estados Unidos e o Departamento de Defesa (Pentágono para os íntimos), confirmaram publicamente: em algumas ocasiões, caças perseguiram objetos voadores não identificados, que não apenas foram bem sucedidos ao empreender fuga, como praticamente humilharam o poderio bélico norte americano nos quesitos manobras e velocidade.
Os órgãos de governo não cravaram uma opinião definitiva sobre a origem daquelas aeronaves, tampouco o tipo de tecnologia usada, mas ficou claro que se comportavam de modo diferente de qualquer outro veículo aéreo deste planeta. Deste. Planeta.
Revelando e escondendo
De lá para cá, o Governo dos Estados Unidos têm liberado um número considerável de arquivos sobre o assunto; nada se confirma, mas é interessante ver que os documentos mais ocultam do que propriamente revelam, em um desacobertamento parcial.
Documento “liberado” do caso Majestic 12: pra quem quiser ver | Imagem: USA Govt.
No final de 2021, mais exatamente em 27 de dezembro, o presidente Joe Biden assinou, como de costume, a Lei de Autorização de Defesa Nacional (NDAA), onde se planificam as dotações orçamentárias para todo o sistema de defesa do país.
Não seria nada demais, exceto pela inclusão de uma discreta emenda, autorizando e concedendo verbas para a criação de um escritório de investigação de fenômenos aéreos não identificados, ou UAPs.
Para quem nunca ouviu falar, “UAP” é a nova denominação concedida pelo governo dos EUA para a sigla “UFO”, essa sim, bem mais conhecida. Os nossos famosos “OVNIs”, Objetos Voadores Não Identificados.
Sim, senhoras e senhores, o governo americano, que não parece ser maluco, nerd, charlatão ou minimamente interessado no que é exibido na Sessão da Tarde, está admitindo oficialmente que alguma coisa muito estranha acontece entre os céus e a Terra.
Tem alguma coisa lá fora
Além da criação do escritório, o dispositivo legal assinado por Biden ordena que o Pentágono envie até 31 de outubro deste ano todos os relatórios (que até há pouco tempo era dito que não existiam) feitos até o momento.
O novo escritório deverá administrar todas as informações, detalhes e testes realizados em UAPs, além da análise médica sobre a saúde de todos os envolvidos nesses fenômenos.
Tem lugar pra todo mundo | Imagem: Michael Herren/Unsplash
Quer mais? O documento ainda ordena a criação de equipes para pronta resposta a “ocorrências, investigação de campo e plano científico para estudo e replicação das tecnologias exibidas pelos UAPs”.
Se isso não é considerado sério, com a inclusão de planos de engenharia reversa, não sei o que mais pode ser.
Questão de segurança
A inclusão desta emenda malandra dentro do NDAA foi obra e graça da senadora Kirsten Gillibrand, que disse na ocasião: "Nossos esforços de segurança nacional dependem da supremacia aérea, e esses fenômenos apresentam um desafio ao nosso domínio sobre o ar. Ficar à frente dos avistamentos de OVNIs é fundamental para manter nossa vantagem estratégica e manter nossa nação segura”.
O novo órgão, que será chamado Airborne Object Identification and Management Synchronization Group, ou em português “Grupo de Identificação de Objetos Aerotransportados e Gerenciamento Sincronizado”, não se concentrará explicitamente na busca por vida alienígena, mas em fornecer “um espectro completo de inteligência, bem como avaliações científicas e técnicas, relacionadas com os UAPs”, segundo reportagem do site Space.com.
Como OVNI, UFOs e UAPs não são bem a especialidade da Prensa, consultamos Cristiano Zoucas, apresentador do podcast Hangar 18, o principal programa a abordar o assunto de maneira séria na internet brasileira. Segundo ele, “o novo escritório para investigação de UAPs está sendo visto com cautela pelos mais aficionados pelo assunto, pois sabemos que o Pentágono tem um longo histórico de acobertamento sobre os fenômenos aéreos não identificados. Mas, independentemente disso, apenas o fato da criação desse departamento já significa um passo em direção ao desacobertamento”.
Olhando para as estrelas
Some-se à tudo isso que em 25 de dezembro de 2021, depois de muitos adiamentos, a Agência Aeroespacial Norte Americana (NASA), lançou como presente de Natal o impressionante Telescópio Espacial James Webb, um monstro tecnológico que custou dez bilhões de dólares e vai nos mostrar o espaço lá fora como nunca vimos, enxergando espectros da luz de modo inédito.
James Webb: vendo muito mais além | Imagem: NASA
Nosso melhor telescópio atual, o histórico Hubble, é praticamente míope perto dele. Outro detalhe é que enquanto o Hubble está a “míseros” 600 quilômetros de casa, o James Webb estará “estacionado” um pouquinho mais para frente, a um milhão e meio de quilômetros da Terra. Sem interferências de nosso planeta ou da luz solar.
Ainda é cedo para afirmar qualquer coisa com segurança, mas parece que estamos nos aproximando rapidamente da resolução do maior enigma da humanidade: estamos mesmo sozinhos no Universo?
Vida longa e próspera!
Este artigo foi escrito por Arthur Ankerkrone e publicado originalmente em Prensa.li.