Um cachorro chamado AR15
Meses atrás ganhei de um amigo um cachorro que destrói tudo o que vê pela frente: rasga o sofá, derruba a TV, morde o tapete, destrói os enfeites etc etc etc. Logo percebi que havia ganho na verdade um “presente de grego”.
O tal cachorro faz uma “cãofusão” danada. Devido ao seu alto poder destruidor, coloquei o nome no bicho de Fuzil A.R. 15.
Minha mulher, Laura, queria estrangular o cachorro e por isso fui obrigado a doar o A.R. 15 para o Bernardo Carvalho, um amigo que mora na cidade de Itaúna, lá pelos lados de Belo Horizonte. Uma semana depois da doação o cachorro apareceu lá em casa de novo. Tinha fugido de Itaúna, andado cerca de 300 km e voltado até minha casa com a cara mais lambida do mundo.
Inacreditável.
Mas, na verdade, já não suportávamos mais aquele destruidor de lares. Peguei então o A.R. 15 e o doei para o Roberto Collodoro, outro amigo que mora em São José dos Campos.
Passaram-se duas semanas e o danado do cachorro conseguiu novamente achar o caminho até minha casa. Quase tive um colapso ao vê-lo.
Eu sabia que os cães têm um senso de direção apurado, praticamente um radar, mas o A.R. 15 tinha na verdade uma mira telescópica apontando diretamente para a minha casa. E não errava nunca! Então doei o A.R. 15 para o Rafael Moreira, outro amigo que tem uma casa em Orlando, nos Estados Unidos e que o levou para lá.
Passou-se uma semana. Passaram-se duas semanas. Passaram-se três semanas e nada. Pensei que finalmente eu estaria livre do cachorro. Então recebi um email inesperado:
— Amigão, o Estados Unidos é muito longe. E ainda tem a América Central e a Amazônia para eu atravessar. Por isso estou voltando de avião. Chego ao meio-dia. Me espere no aeroporto de Guarulhos. Ass: Seu querido cão, Fuzil A.R. 15.
Este artigo foi escrito por Sandro Mendes e publicado originalmente em Prensa.li.