Uncharted - fora do mapa, e fora da curva!
Imagem: Uncharted - Sony Entertainment Inc. / IGN Portugal
Antes de qualquer coisa, deixo claro aqui que a análise a seguir foi feita única e exclusivamente ao filme, pois como ainda não tive o prazer de conhecer e jogar a franquia de games Uncharted que deu origem ao filme, não me cabe comparar se a adaptação é fiel a franquia ou não.
Dito isso, também é preciso frisar o seguinte: toda adaptação de qualquer material de origem para o cinema sofre modificações.
Além disso, obras adaptadas para o cinema de forma não tão fiel ao material original não significa que sejam adaptações ruins, como os livros de Harry Potter, por exemplo.
Feitas as devidas ressalvas, vamos ao texto:
Me parece, principalmente por causa das cenas pós-créditos ao final, que a intenção dos produtores do longa é escrever uma história baseada em Uncharted, mas produzir algo totalmente novo para o cinema.
Se for assim, os produtores acertaram em cheio! Uncharted - fora do mapa (o filme) tem tudo pra ser a maior franquia de aventura após Piratas do Caribe!
A história traz uma origem para o personagem central da franquia: o esperto Nathan Drake, vivido por Tom Holland.
Após perder seu irmão Sam (Rudy Pankow) quando ainda eram crianças num orfanato, Nathan vai viver e trabalhar de barman em Nova York anos depois. Além de ser muito habilidoso atrás do balcão, “Nate” também o é roubando pequenos objetos de clientes mais ricos.
Até que um dia ele é abordado por um malandro meio misterioso (Victor Sullivan, vivido por Mark Wahlberg) que o convida para um trabalho peculiar: ir atrás do tesouro do navegador Fernão de Magalhães, o mesmo tesouro que seu irmão queria encontrar desde criança.
E que supostamente é “O maior tesouro da terra jamais encontrado”.
Nathan embarca nessa aventura com o propósito de tentar encontrar seu irmão, que supostamente estaria vivo, mas logo descobre que nem tudo que lhe contaram dessa história é verdade.
Enquanto o desenrolar dos fatos abre um questionamento sobre confiança, ganância e poder, o espectador acompanha os personagens em cenas alucinantes e surreais na busca pelo tesouro!
As cenas de ação são de tirar o fôlego! O filme já começa a mil por hora, com Nathan acordando de um desmaio a milhares de pés de altura, após ter sido “jogado” de um avião em pleno voo!
Tom Holland aliás manda bem como Nathan Drake e tem tudo pra ser o protagonista de outra franquia de sucesso. E a parceria entre ele e seu mentor Victor “Sully” (Wahlberg) funciona.
Wahlberg encarna bem o papel de “mentor” de Nathan, mesmo sendo um malandro que passou a perna em meio mundo e que venderia até a mãe pra por as mãos no tesouro de Magalhães.
A ladra Chloe Frazer (Sophia Taylor) também desenvolve uma química interessante na interação com os protagonistas. Ela quase chega a ser um par romântico de Nathan, mas deixa claro que não é por romance que ela embarcou nessa…
Já a participação de Antonio Banderas como Santiago Moncavo decepciona um pouco. Não pela atuação do sempre ótimo Banderas, mas porque o vilão deixa a entender que poderia ir muito mais além do que foi.
Talvez ele retorne numa continuação, quem sabe, pra preencher essa lacuna…
E quem rouba a cena é a personagem Braddock, vivida por Tati Gabrielle: uma obstinada mercenária que mostra que não é bom negócio tentar passar ela pra trás…
É bem verdade que o filme apresenta alguns clichês próprios de filmes do gênero: Um vilão ricaço que está atrás do tesouro e comanda mercenários e vários recursos pra ficar ainda mais rico, um agente duplo que não confia em ninguém, um mocinho um tanto inocente, aprendendo na marra a “jogar o jogo”, etc.
Mas os clichês não são tantos assim, e o mais importante: eles funcionam dentro da trama. Então, nenhum problema aqui, certo?
O humor também é um ponto forte da trama, onde os personagens usam e abusam de ironias e criatividade para se safar das piores enrascadas. Ponto para a direção de Ruben Fleischer, que deixa nítida a sua veia cômica assim como em Zumbilândia 1 e 2 e Venom.
E o principal nome da produção do filme é Avi Arad, ex homem forte da Marvel que assinou a produção de praticamente todos os filmes da casa das ideias e ainda as produções das séries animadas do Homem Aranha e dos X-Men nos anos 90.
Em suma: Uncharted - Fora do Mapa é um filme tão “fora da curva” quanto foi Piratas do Caribe. Não tão fantástico e grandioso, mas inventivo e inovador quanto.
O filme está disponível para aluguel ou compra em vários serviços de streaming como Apple TV e Amazon Prime, mas ainda não tem previsão de lançamento para streaming convencional.
Este artigo foi escrito por Eliezer J. Santos e publicado originalmente em Prensa.li.