Vagas de TI, o que realmente acontece
Existe um paradigma a ser quebrado no Brasil que diz que não existe mão de obra qualificada para as vagas de TI. Claro que existe, é só tirar os filtros automáticos.
Vou explicar com meu caso: tenho mais de 30 anos de vivência na área de tecnologia com foco em desenvolvimento, segurança da informação, prevenção a fraudes, monitoração, sustentação e muita experiência.
Mas, desde 2016, quando fui demitido e iniciei uma busca por uma nova oportunidade, percebi que algo não funcionava. Estamos em 2022, continuo estudando, desenvolvendo projetos pessoais e hackathons, passei no exame da OAB e me atualizei nas questões das novas leis de privacidade entre outros cursos. Ou seja, me mantenho atualizado.
Existem algumas plataformas de emprego e uma rede social onde converso com muita gente - tenho facilidade em me comunicar e me relacionar.
Mas, somente esse ano, percebi algo a que, até então, não havia me atentado.
Ao longo de todos esses anos em que estive me candidatando nas vagas que surgiam, não houve nenhum contato de um ser humano; as interações foram automáticas, todas agradecendo e elogiando meu currículo.
Num curso sobre jurisprudência do futuro onde se discutia a inteligência artificial, descobri que não existia nenhuma análise do meu currículo. O sistema é inteligente e filtra pessoas como eu, que passaram dos 40, 50, 60. Assim, recebo sempre mensagens automáticas logo após fazer minha inscrição para uma vaga.
Com toda essa automação e inteligência, as regras bloqueiam muitas pessoas e sobra um grupo muito menor, saído de grandes universidades ou faculdades de primeira linha, com pessoas que já estão fluentes em uma língua estrangeira, mesmo que a função ou trabalho possa ser superado com um tradutor ou dicionário.
As tecnologias mudam e evoluem, o Cobol já foi uma linguagem muito relevante e agora não é mais. Mas aquele que sabe Cobol aprende qualquer outra linguagem com um período pequeno de acesso e algumas instruções, mas os requisitos e os filtros ignoram as linguagens antigas nos currículos sem perceber que a pessoa que conhece essa linguagem tem lógica e capacidade de evoluir em qualquer outra. O mesmo acontece com os sistemas operacionais e outras aplicações sejam de rede ou de segurança.
A quantidade de requisitos para uma vaga nos anúncios são para um time e não uma pessoa, além da busca por experiências, em alguns casos, muito acima de um semestre. Todos esses requisitos viram filtros que tiram uma imensa quantidade de pessoas, para além dos requisitos invisíveis que não são informados.
Assim, recomendo buscar gente com vontade de aprender e construir, independente da idade, cor, sexo, entre outros filtros.
Venho aqui mostrar que existem, sims pessoas capacitadas com lógica, responsabilidade e vontade. O que falta é tirar os filtros das inteligências artificiais que controlam e definem quais vagas serão distribuídas para uma entrevista.
Questões como idade, faculdade, local da moradia, cor, sexo, entre tantos outros filtros visíveis ou invisíveis devem ser retirados destas inteligências artificiais para alcançar uma gama de gente competente que está aguardando uma chance para mostrar sua capacidade.
Se deixei aqui algo não bem explicado ou que causou dúvidas, vou deixar aqui um e-mail específico para responder às mesmas: joseleitecoura@outlook.com
Este artigo foi escrito por Jose Leite Coura e publicado originalmente em Prensa.li.