Vejo quase nenhuma
Minha gata ouve o barulho de um pombo que pousa lá fora. No segundo posterior já está congelada a frente pronta para atacar. Posso sentir o calor de seu corpo sobre minha mão. Está viva como poucas vezes um ser humano está.
É útil ser um pouco menos que humano.
Aquilo que é o melhor a se fazer, desfez-se. Vontade, personalidade, transgressão, são consumidas. Movimentos sociais, por toda parte, respirando no meio do veneno da vida nas grandes cidades, e guerras. Cada um por si.
Enquanto tudo avança, quase todos caem do trem quase todo o tempo. Viver, a margem do interior da vida. De seu Conatus. Ver graçar a ignorância, a fome e ansiedade.
Percebo a essa altura (38/40 anos) (55-60) o que de modo mais simples já percebia desde sempre, essa sociedade é desumana. O tempo passa igual em desigualdades desde meu sempre. É assim que enxergo.
Consumo. Luta pelo dinheiro. Num mar de não saber ao certo nada.
Lucro é desigualdade. O mundo prefere VISA ao irmão. O grande irmão prefere VISA. Você está conectado ao mundo? Você quer se conectar com o mundo para quê? É a esse nosso mundo que você quer conectar? E a si próprio; você se conecta?
Todos hão de concordar que se fossemos inteligentes não teríamos chegado a essa condição miserável em que estamos...
Navego na rede mundial de computadores atrás de palavras, de idéias, de pessoas. Depois de 10(20) anos tentando conexões diretas (on-line), quase instantâneas, e a 30(40) anos vivendo em uma sociedade pobre, ignorante e desigual, pouco, quase nada tenho de maior interação, de mais conhecimento nas relações humanas.
Vivo em uma cidade enorme e importante. numa sociedade administrativa que deve ser moderna, com acesso aos modernos meios tecnológicos, e participei, e conheci grupos de condições sociais das mais diversas, Instituições de renome, pessoas importantes, lugares bacanas e favela.
Do outro lado da linha, estamos nós. Somos poucos, estimo, milhares. Estamos sozinhos em casa. Tudo que existe lá fora não está aqui.
E então minhas palavras chegam ao olhares destes seres inteligentes e cheios de vida como eu.
Vamos ter a oportunidade de nos conhecer em particular e depois pessoalmente, e através da amizade, e inteligência,usar nosso talento para ir ainda mais longe do que jamais se foi. Como fruto de nossa condição humana.
Sem idéia não vai. Não há viço. Nem entre pessoas. Nem entre a pessoa e a vida. Nem entre artistas.
Ninguém vai a bom lugar entre os artistas. Não se vai a bons lugares com arte visual a 20 ANOS!! 30ANOS!!! e contando. A sociedade consumiu a arte. E foi consumida pelo dinheiro. Que por sua vez foi consumida por VISA.
Este artigo foi escrito por Frederico Morbach e publicado originalmente em Prensa.li.