Viúva Negra: a despedida de Natasha Romanoff
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(Esse artigo não possui spoilers sobre o filme "Viúva Negra")
Um dos filmes mais antecipados do UCM com certeza é o da Viúva Negra. Adiado diversas vezes por causa da pandemia da Covid-19, os fãs da vingadora tiveram que aguardar um longo período para, finalmente, assistirem Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) em uma aventura solo.
E a heroína não decepciona. Com cenas de ação eletrizantes, trama de espionagem e emocionalmente mais complexo, a história envolve o telespectador com o protagonismo de Scarlet.
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Dirigido por Cate Shortland, Viúva Negra se tornou a primeira produção do UCM a ser totalmente comandada por uma mulher. Isso graças à Johansson, que lutou insistentemente para que a diretora aceitasse o cargo.
Com tamanha expectativa, já era de se esperar que, quando o longa estreasse, o sucesso fosse grande. Batendo recorde de vendas nos cinemas e grande arrecadação no streaming da Disney graças ao premier access (R$ 69,90 no Brasil), Viúva Negra conseguiu o número global de 215 milhões de dólares só no primeiro final de semana de estreia.
Houve muita especulação quanto ao momento em que o filme se passaria. Com a morte de Romanoff em “Vingadores: Ultimato” (2019), os fãs se perguntaram como a personagem retornaria ao universo da Marvel.
Situado entre os acontecimentos de “Capitão América: Guerra Civil” (2016) e os confrontos com Thanos nos dois últimos “Vingadores”, o longa mostra uma Natasha foragida e determinada a começar uma nova etapa em sua vida.
Mas o destino intervém quando ela descobre que programa que a treinou para ser uma assassina implacável ainda existe, e um inimigo que ela pensava ter derrotado continua vivo. Relutantemente, ela decide recorrer à contatos antigos para colocar um ponto final nessa história.
É nesse momento que a família de Romanoff ganha mais destaque.
David Harbour (Stranger Things) e Rachel Weisz (A Favorita) são grandes adições ao elenco, dando vida aos pais de Natasha - Alexei e Melina, respectivamente. Harbour é um supersoldado aposentado que acaba sendo um alívio cômico do longa, o que funciona muito bem.
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Mas quem rouba a cena é Florence Pugh (Midsommar), intérprete de Yelena, irmã mais nova de Natasha. Pugh demonstra força e vulnerabilidade. Ela é sarcástica e feroz, e sua química com Johansson nos faz acreditar em uma relação verdadeira entre irmãs. A dinâmica das duas atrizes é um dos pontos altos do filme.
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Scarlett Johansson dá vida pela última uma vez à Viúva Negra e tem a oportunidade de mostrar suas habilidades de combate e o potencial que não havia sido totalmente explorado nos filmes da Marvel.
Mas são os momentos em que ela precisa enfrentar o seu passado e se reconectar com sua família que temos uma visão diferente da Romanoff que conhecemos em “Homem de Ferro 2” (2010).
Como de costume nas produções da Marvel, as cenas de ação são grandiosas e bem executadas. Duas sequências que chamam atenção é quando Natasha encontra sua irmã Yelena e as duas entram em um combate intenso; e o outro é o momento em que ela precisa enfrentar as viúvas, que são lutadoras profissionais tão boas quanto ela; e a atriz brilha demonstrando o poder feminino.
Somos apresentados ao misterioso personagem Treinador, que se esconde por trás de uma armadura que parece ser um cosplay de Mandalorian. Ele age como uma poderosa “arma” do vilão do filme, e formidável adversário de Romanoff, já que consegue copiar o estilo de luta de qualquer um.
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O Treinador levantou questões sobre sua identidade ao aparecer nos trailers do filme. Ele também é uma peça-chave para um importante plot twist da trama.
Apesar dos acertos, Viúva Negra peca em não se aprofundar na origem de Natasha e sua relação com a família, além de pouco mostrar seus anos na Sala Vermelha – onde foi treinada para ser uma assassina. Os fãs esperaram anos para compreender essa personagem tão complexa, e sua história acaba sendo contada de forma apressada e sem profundidade.
O vilão do filme também é pouco desenvolvido. E questões importantes como tráfico e abuso de mulheres é abordado, mas apenas superficialmente. O timing poderia ter sido melhor se a Marvel tivesse lançado o longa logo após “Guerra Civil” fazendo uma ponte com “Guerra Infinita” (2018), o que daria aos fãs uma experiência mais forte com a morte de Romanoff. Mas nada disso atrapalha a trama.
De modo geral, o saldo é positivo e o filme cumpre o seu papel em entreter e dar conclusão a saga da personagem.
Dois anos atrás, o UCM surpreendeu o mundo com o sacrifício da Viúva Negra para obter a Jóia da Alma. A personagem deixa os fãs órfãos da primeira figura feminina a se juntar aos Vingadores, e ela certamente vai fazer falta nos próximos filmes.
Natasha finalmente tem seu desfecho e faz as pazes com o seu passado, e nós nos despedimos de uma das vingadoras mais queridas do Universo Cinematográfico da Marvel.