“Viúva Negra” e o legado de Natasha Romanoff
Imagem: Marvel Studios | Disney via AP
(O artigo a seguir possui spoilers sobre o enredo de "Viúva Negra")
Scarlett Johansson marcou uma geração por mais de uma década interpretando a incomparável Viúva Negra, primeira heroína a aparecer nos filmes da Marvel. Há 11 anos fomos apresentados a Natasha Romanoff, que se junta ao time dos Vingadores ao abandonar sua vida de espiã russa.
Em um universo predominantemente masculino, Scarlett muitas vezes teve que apontar o sexismo durante entrevistas em divulgações dos filmes e até mesmo brigar para que o uniforme da viúva fosse menos sexualizado.
Com uma intérprete tão engajada, não é à toa que Natasha exale empoderamento feminino. E não demorou muito para que a personagem encontrasse seu público e abrisse caminho para outras heroínas do Universo Cinematográfico da Marvel.
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Breve trajetória da Viúva Negra
Nos HQ’s, a Viúva Negra foi vilã por um longo período antes de se tornar uma Vingadora, mas nos filmes, temos nosso primeiro encontro com ela em “Homem de Ferro 2” (2010). Ainda com uma participação pequena, Natasha já demonstrava ter incríveis habilidades de luta e grande facilidade de manipulação psicológica.
Em “Os Vingadores” (2012) e “Capitão América: O Soldado Invernal” (2014), ela se torna um importante apoio para a equipe e tem cenas de luta mais desafiadoras. Vemos a personagem ganhar mais espaço e usar suas habilidades em se disfarçar e obter informações para a sua equipe de forma rápida e eficaz.
Em "Vingadores - A Era de Ultron” (2015), Romanoff tenta consertar um problema que foge do controle de Tony Stark (Robert Downey Jr.) quando ele cria um projeto de defesa com inteligência artificial. Ela também estreita seus laços com o Hulk (Mark Ruffalo), conseguindo até acalmá-lo para voltar a ser o Dr. Bruce Banner.
Natasha precisa escolher um lado em “Capitão América: Guerra Civíl” (2016). Os Vingadores entram em conflito e se dividem por causa do “Acordo de Sokovia”, que propõe controle das ações da equipe quando, e se, necessário.
Chegando na reta final, temos os últimos e mais sombrios filmes dos Vingadores, “Guerra Infinita” (2018) e “Ultimato” (2019). Vemos uma Natasha muito mais madura e vulnerável. Sua relação com os membros da equipe é forte e bem definida. Ela se esforça para reverter o dano que Thanos (Josh Brolin) causou no universo e, em seu momento mais emblemático, se sacrifica, dando a sua própria vida pela causa.
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A morte da Viúva Negra emocionou os fãs, criando especulações sobre um possível retorno à franquia. Afinal, a personagem teve uma evolução admirável ao longo dos anos, e se tornou inspiração para meninas e mulheres ao redor do mundo.
Com o anúncio tão esperado de um filme solo da vingadora, criou-se uma grande expectativa em torno da produção.
Quando finalmente estreou, sem surpresa alguma, o filme se tornou um sucesso de bilheteria e o primeiro blockbuster do streaming da Disney, em seu fim de semana de estreia.
A redenção de Natasha
Em “Viúva Negra”, Scarlett tem uma última missão como Natasha Romanoff. Ao lado de sua irmã mais nova, Yelena (Florence Pugh), ela precisa enfrentar Dreykov (Ray Winstone), o homem por trás da Sala Vermelha, onde Natasha e outras meninas foram treinadas para se tornarem assassinas.
Temos um vislumbre do passado de Natasha, ao ver um pouco da sua infância em Ohio (Estados Unidos). De cabelos pintados de azul, a versão de 13 anos da viúva negra brinca com Yelena em um bairro suburbano. Parece ser uma vida simples, até que seus pais, espiões russos se passando por um casal feliz, precisam fugir com as meninas para Cuba.
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Ao som da maravilhosa versão de “Smells Like Teen Spirit” (Nirvana) na voz de Malia J, vemos cenas marcantes de jovens desesperadas em contêineres, sendo selecionadas por Dreykov. Entre elas estão Natasha e Yelena.
“Remova todas as imperfeitas”, ele diz.
Em uma cena dramática, as irmãs são separadas por guardas armados.
As próximas imagens são flashes de ações das viúvas infiltradas em governos ao redor do mundo. Ao mesmo tempo, vemos Natasha crescer sendo preparada física e mentalmente dentro da Sala Vermelha.
Controle mental, espionagem e conspirações são destaques na história de “Viúva Negra”. Ela confronta as partes mais sombrias do seu passado e desvendamos alguns dos seus mistérios.
As cenas de ação são maravilhosas, mas não tão intensas quanto a relação de Natasha e Yelena. Entre ressentimento e dor, as duas encontram um caminho para lidarem com os anos separadas e nos fazem acreditar que são irmãs de verdade.
A dinâmica entre Florence e Scarlett é admirável e torna a experiência do filme mais leve, inclusive com momentos de humor. É uma pena saber que não veremos mais essa dupla na telona.
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Na cena pós-créditos, Yelena visita o túmulo de Natasha e sentimos o luto pela sua irmã. Sabemos que ainda vamos ver muito dela no UCM e isso conforta um pouco o coração, pois uma parte da Natasha sempre estará com ela.
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O fim de uma Era
Os números não mentem. A Viúva Negra conquistou fãs em todos os lugares e possibilitou que o público feminino pudesse crescer dentro desse universo. Apesar do início problemático ao ser sexualizada nos primeiros filmes, ela representa força e determinação.
Uma personagem complexa e cheia de camadas, que definitivamente deveria ter tido seu filme solo há muito tempo. Ela é perigosa e já mostrou ser vulnerável também. Ninguém duvida das suas capacidades. Ela poderia muito bem ter derrotado o Thanos (Josh Brolin) apenas com as suas palavras.
Personagens como Capitã Marvel (Bree Larson) e Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) podem carregar o título de mais poderosas dentre os Vingadores, mas foi graças à Viúva Negra que elas encontraram um espaço real junto aos fãs do UCM.
Esse é o legado de Natasha Romanoff, a nossa eterna Viúva Negra.