Você conhece suas APIs?
Como as APIs podem ser protagonistas na sua estratégia de transformação digital? Saiba neste artigo!
Os principais benefícios de uma estratégia baseada em APIs requer - antes mesmo do desenvolvimento - uma consciência de negócios muito bem estabelecida. Um primeiro passo essencial a ser tomado é observar o nível de maturidade das APIs.
O papel das APIs na transformação digital no contexto empresarial é a facilitação na integração entre sistemas e aplicativos, que habilitam a evolução e o aprimoramento da experiência do cliente, enriquecendo a jornada personalizada e até agregando serviços parceiros.
Uma vasta gama de empresas não tem uma visão ampla de suas APIs. Alguns segmentos possuem um API Gateway, mas não têm uma governança — faltando um processo de descoberta, catálogo e documentação, resumindo-se a um componente de integração com viés estritamente técnico.
Para Claudio Maia, Arquiteto e Consultor Sênior de Pré Vendas na Axway, os principais desafios da maturidade envolvem conhecer bem as APIs, saber como elas funcionam por meio de uma boa documentação e garantir uma excelente governança — evitando brechas de segurança. É possível realizar uma análise buscando respostas para as seguintes perguntas:
Você conhece suas APIs?
Quantas elas são?
Quem as consome?
Quantas requisições elas recebem?
Já Paulo França, Business Development & Operation Manager na Engineering, afirma que, para pensar em uma jornada de transformação através das APIs, a primeira etapa é a avaliação: como as APIs estão alinhadas aos negócios? As métricas de resultados, agregação de valor e geração de receita estão em sintonia com os objetivos estratégicos, sob o ponto de vista do valor entregue pelas APIs?
Segundo Fernando S. C. Ferreira, Diretor de Parcerias e Alianças na Axway, para tangibilizar esse cenário é preciso considerar dados do State of API's — report publicado anualmente. Segundo o documento de 2023, dentro do ciclo de desenvolvimento, existem três métricas que se destacam:
APIs First: Aproximadamente 11% das organizações priorizam as APIs dentro do ciclo de desenvolvimento.
APIs as a product: Apenas metade das organizações efetivamente enxergam as APIs como produto.
APIs pensadas para as máquinas: Como a Inteligência Artificial transforma o desenvolvimento e a abordagem de APIs?
Para Fabricio Pellizon, Cloud & Digital Integration Manager na Engineering, a abordagem de APIs First passa por uma etapa de Ideação, que considera a jornada do usuário com design e, por consequência, especificará qual será o contrato dessa API para atender a essa jornada.
No segundo momento - já no ciclo de desenvolvimento - é possível classificar as APIs em duas categorias macro: as APIs core - menos mutáveis - e as APIs de negócio - que evoluem de acordo com a dinâmica dos clientes, produtos e serviços.
Essas duas fases demonstram a importância de uma abordagem baseada na criação de APIs alinhadas, definidas e categorizadas com base na jornada do usuário e desenvolvidas pensando no ecossistema. Esta abordagem é um fator crucial para otimizar o processo de desenvolvimento: acelerando o time-to-market e, por consequência, melhorando os processos de negócios.
Fernando S. C. Ferreira também comenta que existe uma vasta gama de metodologias quando há um desafio de negócios para o qual uma API é a solução, e a escolha entre essas metodologias aponta os primeiros passos para uma gestão de API mais madura.
Ele cita a metodologia do especialista Erik Wilde, fundamentada em estratégia, design e documentações. Com isso, tudo que vem a seguir — testes, segurança, monetização — terão como base os pilares fundamentados:
Na etapa estratégica, explora-se qual é propósito dessa API, quem será o consumidor e como será realizado o valor da API, estabelecendo KPIs e OKRs.
Na etapa do design, é primordial pensar na experiência do usuário, considerando guias com orientações de segurança, estilo, consistência e identidade.
Por fim, a etapa de documentação equilibra o volume de informações e instruções com a facilidade de absorver os conteúdos.
Para Claudio Maia, o último nível de maturidade de APIs pensada como produto é a monetização. Por isso, a estratégia precisa ser ampla e considerar os esforços conjuntos da área de negócios e tecnologia. O primeiro passo da monetização é conhecer o consumidor da API.
Um sumário para a maturidade das APIs:
Cliente, Colaborador, Parceiro: O foco principal é atender às necessidades do negócio, seja como cliente, colaborador ou parceiro.
Eficiência e Valor: O desejo de aumentar a eficiência e trazer mais valor, como mencionado por Cláudio, visando aumentar o engajamento na empresa.
Validação da API: A jornada do usuário ou sistema, bem como os casos de uso para a API, estão sendo previstos e validados sistematicamente para garantir que atendam aos requisitos de segurança.
Segurança: Elementos de segurança, como limites de consumidores e requisições, estão sendo definidos desde o início do processo, visando garantir a confiabilidade e escalabilidade da API.
Testes de Carga e Stress: São realizados testes de carga e stress para garantir a confiabilidade e escalabilidade do serviço, permitindo identificar e resolver problemas rapidamente.
Inovação e Experimentação: Uma abordagem "API first" permite a criação ágil de novos produtos e serviços, promovendo a inovação, experimentação e entrega mais rápida de produtos.
Cultura de Inovação: A promoção de uma cultura de inovação e colaboração interdepartamental, buscando resolver problemas reais de negócio por meio das APIs.
API Digital Products: A transição de pensar em serviços individuais para API Digital Products, que podem envolver múltiplas APIs, sendo incentivada para promover ecossistemas de negócios.
Marketplace de APIs: Além dos portais tradicionais de APIs, a exposição através de marketplaces de serviços sendo explorada como uma forma de estimular o ecossistema e gerar negócios.
Centro de Excelência em APIs: Estabelecer um Centro de Excelência em APIs visa capacitar e empoderar a transformação, fornecendo diretrizes técnicas e processuais para melhorar a inovação, colaboração e governança das APIs.
Para Fernando Ferreira, é difícil pensar no futuro sem pensar em Inteligência Artificial e existem dois elos que unem esses aspectos: a governança e o digital product. Há um consenso de que algum controle seja necessário, o que esbarra inevitavelmente na governança de dados — e apenas 20% das organizações estão em sintonia com a LGPD, o que demonstra uma fragilidade para a governança.
Além disso — ainda de olho no futuro — a integração da Inteligência Artificial e a adoção de práticas de governança robustas e adequadas à legislação vigente serão fundamentais para garantir o sucesso e a sustentabilidade das iniciativas de APIs.
Em síntese, a maturidade das APIs não apenas impulsiona a eficiência operacional e a inovação, mas também desempenha um papel fundamental na definição da estratégia de transformação digital de negócio. Para alcançar uma gestão madura, é essencial uma compreensão sólida das necessidades de negócios, aliada a uma abordagem estratégica que priorize a experiência do usuário, a segurança e a monetização das APIs.