Você já pesquisou seu nome no Google?
Insira seu nome no Google e veja se você é uma pessoa pública ou não.
Depois que entrei no mundo de estudo sobre direito digital, a primeira porta que me foi aberta nesse ramo foi a da privacidade de dados. Bem, a primeira lição que tive foi “jogue seu nome no Google”.
Naquela época, apareciam uns 3 links vinculados ao meu nome: ingresso na Universidade e 2 provas que tinha feito anteriormente, de Ensino Médio. Nada mais. Meu nome não era nem indexado à prova nacional de história que tinha, e eu cheguei nas semifinais.
Hoje, no entanto, a depender de qual formato do meu nome você coloque no Google, aparecem 5 até páginas no buscador. Mas esse texto não é sobre mim. É sobre você!
Quero ser famoso! Tem certeza?
Pois bem, nos últimos dias fiz o mesmo procedimento: joguei meu nome no Google e, para minha surpresa (ou não), encontrei uma violação DIRETA à LGPD e ao Marco Civil da Internet.
Meus dados estavam expostos, CPF, endereço, número de telefone, e-mail, nome completo etc. Tudo em dois sites: Casa dos Dados, e CNPJ biz. Eu nem sabia da existência deles e, mesmo assim, eles sabiam da minha.
Automaticamente, solicitei que fossem apagados meus dados e retirados do site.
Logo, notei que havia um procedimento padrão deles para retirar, se alguém se queixasse (que era bem rápido), contudo, a indexação do Google continuava (e você ainda pode ver isso nos dias atuais).
Então estralou na minha mente: muitas pessoas não sabem da existência de tal procedimento e nem que é tão rápido! Outras pensam que não podem pedir para apagar seus dados do site, por pensarem que “como tenho uma empresa, ela tem seus dados públicos” Não, não é assim!
Venho aqui dizer em nome próprio, você tem SIM como retirar seus dados expostos, de maneira fácil e rápida.
E se o site não retirar?
Se o site não tiver esse procedimento padrão já estabelecido, pode-se fazer 2 coisas:
a) Requerer ao próprio Google, pedindo desindexação.
b) Acionar a ANPD (Agência Nacional de Proteção de Dados)
Ainda que nós saibamos - no fundo - que esses sites continuam com nossos dados, ao menos eles não estarão expostos na 1ª página de busca do Google (o que já é uma vitória e tanto).
E como eles conseguem nossos dados?
Eles dizem que pegam os dados da Receita Federal. Agora, imagine você, que é concursado? O portal da transparência poderá ser linkado direto a sites como esses.
Mas não podemos esquecer que cada CPF fornecido de maneira indiscriminada nas farmácias e notas fiscais de casquinha da Mcdonalds também ajudam, e muito, nessa proliferação desmedida.
Sabe-se que a deepweb está cada dia mais acessível, e até falo em um artigo sobre como o darkverso está cada vez mais especializado e perigoso, então, com certeza você tem algum dado sendo comercializado por aí.
Você ainda acha que vale a pena ser uma figura pública?
O bom de ser uma figura pública, ou pelo menos reconhecida em mais de 2 páginas do Google, é que as chances de roubarem seus dados e identidades diminuem, visto que todos irão te conhecer e existem diversas fontes para provar quem você é. O ruim? Vários podem se passar por você, criando contas fake e tentando acabar com sua imagem.
Agora, em todas as circunstâncias, aquelas ligações chatas de call centers provavelmente irão aumentar, mesmo você estando em somente 1 link ou em 10 do Google, pois o data base utilizado por eles, em suma maioria, contém seu WhatsApp e número telefônico.
Finalmente, o que eu faço?
Eu criei 2 métodos para, pelo menos, atenuar surpresas indesejadas. O primeiro é jogar meu nome no Google a cada 2 meses; assim, se surgir algo, não vai estar muito tempo no ar.
A outra: colocar meu CPF no banco de processos do tribunal do meu estado. Pelo menos, não saberei que estou sendo processada somente quando chegar a citação (o que já me garante um certo tempo).
Nessa vida de mundo real e virtual se misturando cada dia mais, infelizmente, temos que tomar cuidado para que um dado online não vire um problema no mundo físico, em especial casos ligados a clonagem de cartão de crédito. Para isso, reforço que, se possível, criem um cartão virtual e só o usem para compras online. Você poderá bloqueá-lo a qualquer momento, sem ter o prejuízo de ficar sem nenhum cartão de crédito.
Esta também é uma forma de se proteger.
Outra dica é: tenha um telefone corporativo, um que você coloque nesses sites, e informações online. No final, ao menos as ligações e importunações irão diminuir, e as chances de ter seu WhatsApp clonado diminuem.
A última dica de hoje é: o que eu faço para não ter meu WhatsApp clonado? Faça uma verificação em 2 etapas, isso te ajudará, e muito, quando alguém tentar invadir sua conta, pois receberás um código de acesso.
Me segue aqui na Prensa e entra no meu canal no telegram, assim, quando eu postar a parte 2 de como se proteger na internet você receberá um aviso.
Até a próxima!
Este artigo foi escrito por Maria Renata Gois e publicado originalmente em Prensa.li.