Whindersson x Popó: A luta do século
Prontos para o que der e vier | Imagem: G1
O que faria você, humorista, youtuber, ator, compositor, empresário, sobretudo um sujeito bem sucedido, encarar uma luta com um profissional do boxe?
Um polpudo prêmio em dinheiro? Falta de noção na vida? Tédio? Vontade de rir na cara do perigo? Ou puro masoquismo?
Nada explica a luta do ano. Ou do século? O humorista Whindersson Nunes contra Acelino Popó Rodrigues.
Pesa o fato de Popó, 46, estar afastado dos ringues há quatro anos. Ainda assim, tetracampeão da categoria e um dos melhores de todos os tempos no país, não pode ser considerado um adversário desprezível. O sujeito é uma máquina de bater.
Hora do show
O embate aconteceu em Balneário Camboriú, na minha bela e Santa Catarina. A cidade, conhecida como a Dubai brasileira (sem petrodólares), sediou o Fight Music Show, que é exatamente isso: um show de música e luta. Eu sei, soa estranho, mas numa cidade onde os prédios desafiam a gravidade, sob os olhares e holofotes da estátua do Cristo Luz, tudo é possível.
Claro que uma luta nestas condições chamou a atenção de muita gente. Transmitida por plataformas de Internet e pelo canal Combate, especializado nestas demonstrações de afeto esportivo, a pancadaria foi vista por milhões de pessoas em todo o país.
Uma luta como nunca se viu
Whindersson, que há algum tempo se interessa pelo esporte, treinou com muito afinco, fazendo o que pôde para segurar Popó. Para os mais velhinhos, é só lembrar daquela luta entre Adílson Maguila Rodrigues e Evander Holyfield. Estava meio óbvio que alguém ali iria apanhar feio, e não parecia ser Popó.
O veterano, com toda diferença de idade, mostrou que a técnica muda totalmente o panorama de uma luta, esquivando-se com precisão e atingindo Whindersson de maneira ainda mais precisa.
Vale destacar a imensa resistência e a resiliência do influencer, usando o rosto com maestria para barrar os golpes de Popó, tal qual Rocky Balboa lutando com Apollo Creed. Levando muito a sério o princípio cristão de oferecer a outra face após ser esmurrado.
Na prática, Whindersson apanhou com gosto. E estranhamente, não caiu.
O importante é competir
O combate terminou sem nocaute. Foi declarado empate técnico. Como convém a uma luta “comemorativa” num evento chamado Fight Music Show, apresentado por um cidadão chamado Tirullipa, cujo pai concebeu a frase seminal “pior que tá não fica”.
Mais impressionante que a luta foram as cifras envolvidas. Imaginava-se uma arrecadação de 12 milhões a ser dividida entre os adversários. A venda de cotas de patrocínio, TV pay-per-view e outros, levou ao montante de pelo menos 25 milhões de reais, segundo levantamento da revista Exame.
Em entrevista ao jornal O Globo, nas vésperas do embate, Whindersson declarou que seria “legal fazer algo diferente para poder abrir a cabeça”, rindo em seguida ao perceber que usou a expressão “abrir a cabeça” pouco antes de enfrentar um campeão mundial.
Um tanto amarrotado após a luta, e desfrutando de seu momento Touro Indomável, Whindersson aproveitou e “desafiou” o também youtuber americano Logan Paul, para um combate, bravateando no melhor estilo Muhammad Ali.
Ainda não se sabe se essa luta acontecerá, mas caso ocorra, deverá marcar uma pausa geral na carreira whinderssoniana, segundo ele, para ter tempo de “descobrir e realizar coisas novas”. Sei lá, quem sabe bungee jump, surf ferroviário, nadar com tubarões brancos besuntado ao molho pardo…
Eu volto.
Este artigo foi escrito por Clarissa Blümen Dias e publicado originalmente em Prensa.li.