☕ Imagens para você escutar
Confira a 3ª edição da Pausa Para Um Café — nosso respiro cultural em meio às demandas cotidianas.
A Pausa Para Um Café é nossa newsletter quinzenal com conteúdos sobre cultura, comunicação, literatura, ciências, comportamento e sociedade. Saiba mais sobre o projeto e cada uma das colunas aqui.
Nesta 3ª edição da Pausa Para Um Café você verá1:
Sonificação: a informação nos seus ouvidos, com fotos que você consegue escutar e insights do editor audiovisual Júlio César.
O Grande Irmão de cada dia: a redatora Fernanda Waisman fala sobre a ironia de assistir a um clássico dos anos 90 em 2024.
PORTAL PARA ESTA DIMENSÃO
por Júlio César
Sonificação. Este é um tema que me permite fazer grandes e profundas abordagens científicas e filosóficas. Sonificação é a conversão de dados de imagem em sons. Como isso é possível?
A menor unidade de informação possível é o bit — este mesmo, tão famoso na informática. Foi com a Teoria da Informação, de Claude Shannon, que ficou claro que os dados que um computador armazena podem representar qualquer tipo de informação, não apenas cálculos matemáticos. Nosso universo pode ser encarado como um grande e complexo fluxo de informação. Consequentemente, a velocidade da luz também é o limite de velocidade da informação.
Na teoria da informação, o termo "informação" é uma medida quantitativa da redução da incerteza ao receber uma mensagem, e é fundamental para entender como as mensagens são transmitidas e processadas em sistemas de comunicação. Portanto, “informação” aqui tem um sentido bastante específico e fundamental.
Um lado da moeda é a informação, o outro é como representá-la. Diferente do que tendemos intuitivamente a pensar, ondas sonoras não são o som, nem a luz é a imagem. Som, tato, paladar, etc. são as formas como nosso corpo interpreta os estímulos.
Quando armazenamos esses estímulos num computador, portanto na forma de bits, podemos facilmente transformar imagens em som ou vice-versa. Isto é possível porque o bit é uma representação abstrata da informação, ele não está relacionado com nenhum substrato material. É por isso que quando abrimos uma ROM de Super Nintendo no editor de texto, uma estranha sequência de caracteres aparece. Afinal, o editor de texto está interpretando como caracteres os bits do código de máquina de jogo!
Agora, que tal ouvir imagens convertidas em sons? Abra o link a seguir e divirta-se.
REALISMO FANTÁSTICO
por Fernanda Waisman
[♫ Para ler ouvindo It’s the end of the world as we know it (and I feel fine), do REM]
Essa semana eu assisti, pela segunda vez, O Show de Truman — filme de 1998 que você provavelmente já assistiu, mas que eu resumo aqui para refrescar sua memória:
A história tem como foco a vida de Truman, um homem otimista com uma rotina normal, vivido por Jim Carrey. O personagem gradualmente percebe que toda a sua vida é, na verdade, uma trama completamente construída, em que cada movimento dele é capturado por 5.000 câmeras escondidas e transmitido para o mundo.
Quando o filme foi lançado, era muito difícil acreditar que algo assim pudesse acontecer na realidade. Nas palavras da atriz Laura Linney, que interpreta a esposa de Truman, em uma entrevista de 2018:
"Nós (o elenco) ríamos sobre o quão irreal algumas coisas pareciam. Não conseguíamos acreditar totalmente que alguém iria querer se gravar para que as pessoas pudessem sintonizar e assistir ao que, na época, era considerado mundano — e ver isso como entretenimento."
A ironia de assistir ao filme em 2024 é justamente o que me levou a escrever esse texto. Enquanto eu via o Truman fugindo das câmeras, eu tenho plena consciência de que faço parte de uma sociedade que corre em direção a elas. O filme jamais causaria o impacto que causou se fosse lançado hoje em dia, porque não existe mais nada de extraordinário nessa transmissão da vida privada.
Para Jim Carrey:
"Não há necessidade de transmitir secretamente uma vida quando nós mesmos a transmitimos."
Janeiro é quando começa o Big Brother Brasil, e boa parte da nossa população volta seus olhos para a tão querida novela da vida alheia. Apesar de não acompanhar o BBB, sou uma fã declarada dos reality shows. Comecei, até nova demais, com The Osbournes (assistindo ao Ozzy escancarando a vida nada comum de sua família inteira) e tenho uma lista longa de vlogs e enredos toscos que já consumi.
Em paralelo a isso, também sinto com frequência uma vontade gigantesca de fugir dessa dinâmica — sair de todas as redes sociais, voltar a me comunicar por sms e revelar minhas fotos pra guardar em álbuns de família. É complicado.
Não sei como essa “nova” realidade funciona para você, mas tenho certeza que tem mais pessoas por aí que, assim como eu, são um pouquinho do Truman e um pouquinho do Cristof, o diretor de TV que controlava e transmitia para o mundo toda a vida dele.
Que alguém me salve de mim mesma!
Arte de capa:
Architecture au Clair de Lune (Arquitetura à luz da Lua) por René Magritte.
Surrealismo, Bélgica, 1956.
A Pausa Para Um Café é uma newsletter quinzenal. Saiba mais sobre o projeto e cada uma das colunas aqui.
Até a próxima Pausa,
Time Prensa
Sentiu falta de Geleia Geral e Ócio criativo? O
e a voltam na próxima edição!