Impulsionando a digitalização: Desafios comuns para a transformação financeira
Com mediação de Hamilton Berteli, painel reuniu os especialistas Leonardo Grapeia, Fabio Cossini e Marcus Leite no Open Finance Conference 2023
O setor financeiro é sinônimo de desafio constante. A relação das empresas de tecnologia com o cenário contemporâneo deste setor é marcada pela jornada de digitalização.
Na edição de 2023 do Open Finance Conference, que aconteceu no tradicional Rosewood São Paulo, o especialista em transformação digital Hamilton Berteli mediou um diálogo entre os provedores de inovação em negócios e tecnologia Leonardo Grapeia, Fabio Cossini e Marcus Leite, sob o ponto de vista de quem tem a experiência de habilitar e engajar a transformação Open Finance.
Como as tecnologias estão ajudando os clientes a endereçar os desafios da jornada de digitalização? Quem respondeu a essa pergunta foi Marcus Leite, Consultor Senior de Soluções e Especialista em Integração da Software AG. Segundo ele, um dos principais desafios evidentes é a experiência conectada do cliente, uma etapa do processo de digitalização que é caracterizada por jornadas com interações mais fluidas e ofertas de produtos e serviços com valor e capacidade de negócio agregado.
A integração é algo que vai muito além da API. Este elemento diz respeito à experiência conectada e a interoperabilidade dentro da eficiência operacional, o que leva a uma tarefa contínua: a eficiência operacional digital.
O setor financeiro é um intenso consumidor de tecnologia e são inúmeros os processos transformadores que exigem suporte tecnológico. Manter fundamentado em diretrizes comuns um ecossistema construído entre instituições financeiras, provedores de tecnologia e provedores de serviços que amparam os serviços ofertados também é um desafio diário para o ecossistema.
Horizontes abertos e colaborativos
O futuro do cenário é aberto e colaborativo, por isso, também é composto por tecnologias emergentes como Inteligência Artificial e blockchain. São tecnologias que fornecem musculatura, agilidade e flexibilidade para os clientes endereçarem desafios da jornada de digitalização. Estas ferramentas não são como um objetivo em si, mas são habilitadoras, que impactam positivamente no ecossistema. Elas garantem o horizonte aberto e colaborativo.
O cloud computing, por exemplo, é um marco tanto para o universo da tecnologia quanto o ambiente financeiro em si, existem instituições originárias de um mundo antes do advento desta possibilidade e outras que nasceram a partir do cloud computing: impactando custos, detalhes de segurança, escalabilidade e efetividade. Empresas como Ifood e Nubank nascem na nuvem e têm um crescimento acelerado. Quando você tem o cliente perto de você, e seus esforços estão focados nele, você tem mais excelência e mais receita. O executivo Fabio Cossini, Gerente de Desenvolvimento de Negócios da AWS detalhou que não é mais possível dissociar a nuvem de uma instituição financeira, já que ela é um elemento determinante para os negócios.
“É preciso ser estratégico ao habilitar a evolução em nuvem. A tecnologia abundante nem sempre é suficiente, e é preciso desenvolver processos rápidos com ciclos de inovação que não durem meses, mas semanas. Também é necessário levar em consideração que, mesmo a tecnologia sendo abundante, o orçamento não é, mantendo os esforços constantes no que diz respeito à governança.” comentou Fábio.
Segundo Fábio, o grande alvo do Open Finance é um cenário em que os serviços financeiros estão inseridos no dia a dia - nas relações das pessoas naturais e jurídicas - de uma maneira mais invisível, com experiências mais fluidas no dia-a-dia e serviços financeiros embutidos.
O Banco Central como provedor de oportunidades
O mercado brasileiro encara o regulatório como um criador de grandes oportunidades, seja defendendo a pessoa física, o consumidor, as pessoas jurídicas, as instituições, o ecossistema e a sociedade, ou provendo um cenário que permite e garante oportunidades de inovação. Para uma parcela destes agentes, um desafio comum é o de desenvolver a tecnologia, no entanto, conformidade e aderência regulatória com o Banco Central são cruciais para todas as instituições do ecossistema.
O avanço do Banco Central possibilita a inovação, como é o caso da Qistal. No plano de negócios da companhia, que foi fundada antes da pandemia, foi necessário impulsionar a digitalização diante das limitações que o mundo enfrentou e, uma etapa que estava prevista para o segundo ano, acabou sendo fundamental na solidificação dos serviços prestados pela empresa.
Para Leonardo Grapeia, CEO da Qistal, o ambiente regulatório é um fomentador de inovação e o Banco Central exerce um papel fundamental no ecossistema. A agenda de inovação do Brasil e da Índia impressionam as empresas de tecnologia ao redor do mundo, colocando o Brasil como referência de autoridade diante das inovações em escala global.
É necessário impulsionar a digitalização com estratégias ágeis e inovadoras baseadas em pilares que garantam que as tecnologias e seus fornecedores estejam coerentes com os regulatórios. Para além disso, é necessário que exista também a habilidade de se mobilizar em sintonia com a aceleração das novas expectativas de regulação.
Questionamentos para guiar um futuro inovador e digital
Um dos principais desafios é levar informação de qualidade sobre as vantagens da transformação digital do sistema financeiro para a sociedade, as instituições financeiras e os setores de tecnologia. Por isso, é preciso intensificar campanhas, conferências e diálogos que desmistificam questionamentos comuns como, por exemplo:
O que o Drex traz de valor para cada negócio?
Que valores a digitalização leva às pessoas naturais e às pessoas jurídicas?
Como essa tecnologia traz maior confiança e de que maneiras a desintermediação pode fomentar os negócios entre as instituições financeiras?
Com o setor financeiro aberto e colaborativo, o quanto estamos nos beneficiando dos regulamentos que criam um cenário propício?
O quanto estamos nos beneficiando dos dados trafegarem ao gosto do titular?
O quanto estamos nos beneficiando dos movimentos dos competidores de mercado, que neste cenário aberto e colaborativo, acabam se tornando “coopetidores”?
Como as instituições financeiras podem fazer o churn, ou gerenciamento estratégico, e reagir diante da percepção de que um cliente está cedendo as informações para um outro competidor?
São questionamentos que podem guiar todo o ecossistema em direção a uma digitalização ainda mais ágil e eficaz. A necessidade premedita a implementação de inovações, e um forte exemplo disso está nas Bahamas que, em resposta direta ao furacão Dorian em 2019, implementou os chamados ”Dólares de Areia", um dos mais efetivos projetos de digitalização da moeda. O protagonismo na digitalização não é da tecnologia, mas da efetiva transformação dos cenários de negócios e dos processos operacionais que, consequentemente, transformam o cotidiano das instituições, do ecossistema financeiro e da sociedade.