O futuro dos pagamentos digitais no Brasil
Entrevista exclusiva com Rafael Lanna, Banking Advisor da Zoop, que abordou as tendências e perspectivas para o PIX e o desenvolvimento do DREX durante Masterclass no Web Summit Rio 2024.
Além das palestras que aconteceram nos palcos e pavilhões do Web Summit Rio, o evento também contou com Masterclasses exclusivas — e concorridas! — apresentadas por empresas parceiras. Entre estas, um destaque foi a contribuição da Zoop, que levou seus especialistas para aprofundar temas como o futuro dos pagamentos digitais, inclusão financeira e uso de dados na personalização de serviços.
O especialista Rafael Lanna, Banking Advisor da Zoop, trouxe para a plenária uma perspectiva ampla sobre a convergência entre tecnologia, negócios, inovação e inclusão no setor de pagamentos e serviços financeiros.
Usando como pilares duas tendências-chave, o PIX e o DREX, Rafael enfatizou o o papel da inovação na democratização dos serviços financeiros e na inclusão de segmentos da população anteriormente excluídos do sistema financeiro tradicional.
O potencial transformador da inclusão financeira
O especialista também abordou, para um público que reuniu brasileiros e estrangeiros, o poder de modernização das soluções brasileiras e do trabalho do Banco Central, enfatizando a importância da promoção da inclusão financeira por meio da criação de soluções que atendam às necessidades de toda a população, em suas mais variadas camadas. É o caso do PIX, que proporciona uma experiência de pagamento instantâneo acessível a todos, reduzindo a dependência de instituições financeiras tradicionais.
Em entrevista exclusiva para a Prensa, Rafael comentou:
“Onde estava a principal mensagem do que nós estamos falando a respeito de pagamentos instantâneos? Ela estava na inovação! Porque a inovação não é simplesmente alguma coisa diferente, interessante, legal e de valor agregado.
A inovação é real quando ela muda uma economia, um comportamento da sociedade — quando ela muda a forma como as pessoas fazem negócio. E, se você olha para o nosso maior problema, a inclusão financeira e a democratização dos serviços financeiros, aí tem um personagem maravilhoso que é o nosso Banco Central.
Hoje, o Banco Central do Brasil é uma referência no mundo. Nós somos um benchmark nesse sentido. Existe um nível de independência, de maturidade e de regulatório que tem protegido a nossa economia contra vários movimentos negativos internacionais.”
Ao promover a inclusão financeira e a segurança nas transações, o Banco Central desempenha um papel fundamental no crescimento econômico e na estabilidade financeira do país. Rafael ressalta que a tecnologia e a inovação no setor de pagamentos digitais não apenas beneficiam os consumidores, mas também impulsionam o crescimento econômico e elevam o padrão de vida da população como um todo:
“À medida que o PIX evolui nas suas modalidades e nas suas funcionalidades que beneficiam a população como um todo — desde uma população que precisa de uma inclusão financeira até as grandes instituições que são impactadas trazendo mais receita —o DREX na sua formação também digital vai permitir muito mais segurança institucional. Essa segurança permite que o Brasil se destaque no comércio exterior, dando para a gente ainda mais relevância, trazendo mais riqueza e mais estabilidade econômica para o nosso país.”
Um novo capítulo da prevenção de fraudes
Com relação ao combate a fraudes e incentivo a maior transparência no sistema financeiro, o destaque ficou com o DREX — projeto que, apesar da recente comunicação do adiamento de seu lançamento, continua apresentando um potencial muito significativo para a manutenção da posição de liderança da economia brasileira frente ao resto do mundo. Afinal, o Brasil está na vanguarda dos esforços de inovação, sendo um dos 21 países a conduzir testes-piloto de moedas digitais.
O especialista enfatiza a tecnologia blockchain como uma ferramenta essencial para garantir a rastreabilidade das transações financeiras, reduzindo assim o risco de atividades ilícitas, como a fraude e a lavagem de dinheiro.
“Um dos maiores problemas hoje dentro das instituições financeiras é é a questão de fraude. Fraude é uma dor horrorosa que o mercado financeiro traz e a tecnologia de blockchain é uma tecnologia que proporciona rastreabilidade e segurança.
Quando falo de rastreabilidade, para a gente exemplificar de uma forma fácil, é como se você pegasse uma cédula de R$10 e escrevesse no verso da nota: "Esta nota pertenceu a Rafael Lanna e ele comprou um picolé e o troco foi de R$5", e assim por diante, a cada troca da cédula. Então, essa moeda vai circular com todo o seu histórico de utilização e o registro de cada pessoa que ela pertenceu. Consegue compreender esse impacto, por exemplo, na lavagem de dinheiro?”
No entanto, Rafael reconhece que a jornada rumo à adoção plena do Real Digital é complexa e desafiadora. Ele enfatiza a importância de abordar questões como armazenamento de dados, regulamentação e gestão de transações para garantir o sucesso a longo prazo do projeto, além de uma abordagem cuidadosa e colaborativa para superar os obstáculos restantes.
Ao enfrentar desafios significativos e aproveitar oportunidades de colaboração e aprendizado, o Brasil está posicionado para liderar o caminho rumo a uma economia digital mais segura, eficiente e inclusiva — uma solução por vez. Os insights que Lanna compartilha com a Prensa provam um ponto: o futuro pode ser colaborativo, inclusivo, eficiente e verde e amarelo.