O que sustentará o futuro das finanças: código ou relacionamento?
Inovação tecnológica, impacto social e ética digital reconfiguram o valor das instituições financeiras no Brasil e no mundo
Em um cenário marcado pela ascensão da inteligência artificial, pela descentralização dos serviços financeiros e pela crescente integração entre dinheiro e vida digital, a confiança deixa de ser atributo subjetivo e passa a ser infraestrutura — auditável, escalável e estratégica.
O seu negócio gera confiança? Mais do que produtos ou tecnologias, o que define hoje a relevância de uma instituição é a confiança que ela consegue gerar.
Na Prensa Open de hoje, analisamos como a confiança vem se tornando o principal ativo do sistema financeiro contemporâneo. Em um cenário de avanços acelerados em inteligência artificial, open finance e segurança digital, exploramos por que o futuro das finanças depende menos da tecnologia em si e mais da capacidade das instituições de construir relações transparentes, éticas e orientadas para o impacto social.
O que faz da confiança um novo tipo de infraestrutura financeira?
O sistema financeiro vive uma transformação silenciosa, mas radical. A inteligência artificial já é o motor cognitivo que personaliza experiências, analisa riscos em tempo real e redefine como interagimos com o crédito, o consumo e os pagamentos.
A convergência entre IA, blockchain e dados contextuais está abrindo espaço para o que alguns especialistas chamam de Money 3.0 — um modelo de finanças mais programável, autônomo e, paradoxalmente, mais humano. Isso porque, quanto mais sofisticada a tecnologia, maior a exigência por transparência, ética e propósito.
Como a tecnologia está tornando o sistema financeiro mais humano?
A confiança se constrói com base em quatro pilares: governança de dados, segurança digital, inclusão e experiência.
Do avanço do PIX à consolidação do open finance, passando pelo crescimento do embedded finance e pela fintechzação das empresas, a lógica do setor deixa de ser exclusivamente técnica ou regulatória. Ela passa a ser relacional. Bancos, plataformas e empresas não são mais apenas provedores de produtos financeiros — são responsáveis por construir jornadas que inspirem pertencimento, simplifiquem o acesso ao crédito e respeitem as complexidades culturais e sociais dos usuários.
Esse movimento também resgata aprendizados do passado. O Brasil, por exemplo, é reconhecido como um dos sistemas financeiros mais inovadores do mundo justamente porque soube aprender com seus erros, ousou testar, regulou com pragmatismo e desenvolveu tecnologias robustas com foco em usabilidade e escala. Essa história reforça a ideia de que inovação sustentável exige coragem, mas também cuidado — com os dados, com as pessoas, com a infraestrutura que sustenta tudo isso.
Onde a inclusão financeira encontra a personalização em escala?
As experiências mais inovadoras do setor hoje giram em torno da personalização em escala. Soluções baseadas em IA e dados contextuais criam interações mais significativas com o usuário — e isso vale tanto para bancos tradicionais quanto para empresas que estão incorporando serviços financeiros aos seus próprios ecossistemas. A fintechzação, o crédito embutido e os modelos baseados em comportamento substituem gradualmente as abordagens baseadas apenas em histórico.
Nesse novo modelo, o crédito precisa ser instantâneo, justo e conectado com a vida cotidiana. Tecnologias como o open finance e a inteligência artificial viabilizam essa reprogramação do sistema de crédito. Mas a escalabilidade desses avanços depende de uma base sólida: APIs bem desenhadas, integrações seguras e governança de dados transparente.
Segurança digital é só técnica — ou também cultura?
Com a digitalização acelerada, a segurança passou a ser um dos pontos mais sensíveis da transformação. A escassez de profissionais especializados, o aumento das superfícies de ataque e a complexidade das operações exigem um novo olhar sobre cibersegurança. Ela não é mais uma função de retaguarda — é parte do core estratégico de qualquer instituição financeira.
Além disso, diversidade passou a ser compreendida como uma forma de inteligência aplicada à segurança. Equipes plurais são mais capazes de antecipar vulnerabilidades, desenvolver soluções abrangentes e responder a riscos emergentes com mais sensibilidade e precisão. Segurança, nesse novo paradigma, é tanto técnica quanto cultural. E, como toda cultura, depende de relações. O futuro do dinheiro será moldado por códigos, sim — mas sustentado por reputações verificáveis, regulação inteligente e uma confiança que se constrói no detalhe da experiência.
O Brasil se destaca como um território onde essa transformação pode ser observada em tempo real. A diversidade social, territorial e econômica do país impõe desafios, mas também oferece uma oportunidade única: construir um sistema financeiro mais conectado à realidade das pessoas.
Essa foi a sua Prensa Open de hoje! Até semana que vem!