Produtiva, mas por quê?
Ocupação virou status, mas nem todo movimento é avanço. Nessa edição da Prensa People, um convite para parar, olhar e perguntar: pra onde, afinal, eu estou indo?
Às vezes a semana começa assim: agenda cheia, tarefas empilhadas, reuniões quase sem intervalo e e-mails sendo respondidos entre uma fala e outra. Tudo funcionando no tempo mínimo, quase automático. E, ainda assim, lá no fundo, uma sensação incômoda: a de que você está se movimentando muito, mas avançando pouco.
Fico pensando sobre como estar ocupada se tornou uma espécie de status — como se a quantidade de coisas que fazemos fosse um atestado de relevância, ou de competência.
A cultura da produtividade adora barulho, volume, preenchimento. Mas será que estar sempre fazendo é o mesmo que estar, de fato, engajada?
Tem uma diferença sutil (e gigante) entre se manter ativa e se sentir conectada com o que está sendo construído. Às vezes a gente passa dias inteiros em movimento, mas sem direção. E isso, com o tempo, esgota mais do que a o trabalho em si.
Isso porque engajamento tem a ver com presença, com propósito, com vínculo com o que se faz. Muitas vezes, pouco importa se você está fazendo muito, se não está por inteiro no que faz. E a ênfase nisso é cada vez mais rara em ambientes que recompensam urgência, mas ignoram sentido.
O risco é virarmos uma classe de trabalhadores eficientes, mas emocionalmente desconectados. Pessoas que até entregam tudo, mas já não sentem nada. E isso, cedo ou tarde, vem com um preço.
Talvez valha a pena parar por alguns minutos e se perguntar: o que tem ocupado seus dias? O que tem te atravessado de verdade? Você está se movendo pra onde?
Nem todo cansaço vem do excesso… às vezes, ele vem do vazio.
Essa foi a Prensa People de hoje. Até semana que vem!