Se conectar nunca foi tão fácil — e tão difícil
Como resgatar conexões reais no trabalho e na vida? Na Prensa People de hoje trazemos insights compartilhados por Kasley Killam no SXSW 2025.
Vivemos na era da hiperconectividade, mas nunca estivemos tão sozinhos. Esse paradoxo foi um dos temas centrais da palestra de abertura do SXSW 2025, apresentada por Kasley Killam, especialista em saúde social. Como abordado por Marcella Calfi, em seu artigo “A solidão como isca: o elo entre isolamento social e fraudes online”, essa desconexão tem sido explorada até mesmo como uma forma de aplicar fraudes online.
Na Prensa People de hoje, trago reflexões sobre como essa questão impacta nossa vida pessoal e profissional — e, mais importante, sobre o que podemos fazer a respeito.
Solidão: um problema de saúde pública
A sociedade já avançou muito na compreensão da importância da saúde física e mental, mas a saúde social ainda é negligenciada. Conforme compartilhado por Marcella, “atualmente uma a cada quatro pessoas se sente muito solitária e 20% delas não tem ninguém com quem contar para pedir ajuda, passando duas ou mais semanas sem falar com um amigo ou familiar.”
Em sua palestra, Killam destacou que conexões sociais são tão essenciais para a longevidade quanto alimentação e exercício. Estudos compartilhados por ela apontam que:
Pessoas que se sentem apoiadas socialmente possuem um sistema imunológico mais forte.
Indivíduos com menos laços sociais têm até três vezes mais chances de morrer prematuramente, independentemente da condição física.
A pandemia foi um divisor de águas. Governos, como os do Reino Unido e Japão, criaram ministérios da solidão para combater os efeitos do isolamento prolongado. Mas e o papel das empresas? Em sua conversa com Killam no SXSW, Amy Gallo, especialista em dinâmicas de trabalho, reforçou que o ambiente corporativo precisa reconhecer a socialização como uma necessidade fundamental, e não como um luxo ou um detalhe cultural.
"No futuro, a saúde social será tão integrada à cultura quanto a saúde mental é hoje", afirma Killam. Isso significa que priorizar conexões verdadeiras não é apenas uma questão de engajamento, mas de bem-estar e sustentabilidade humana.
Como criar conexões autênticas?
Para construir relações mais sólidas, Killam sugere a Regra 531: 5 interações sociais por semana, 3 relacionamentos próximos, 1 hora por dia dedicada a conexões reais.
Esse compromisso pode transformar nossas relações dentro e fora do trabalho. Em vez de apenas mais uma call, por que não iniciar reuniões com um momento de conexão pessoal? Pequenos ajustes fazem a diferença.
Além disso, a especialista enfatizou que cada pessoa tem um estilo de conexão social diferente. Segundo Killam, identificar seu perfil pode facilitar a construção de laços mais naturais e eficazes:
Butterfly – Prefere muitas conexões casuais.
Wallflower – Gosta de poucas conexões casuais.
Firefly – Valoriza conexões profundas, mas não frequentes.
Evergreen – Precisa de muitas conexões profundas.
Se você sente que sua vida social está desequilibrada, uma boa dica é experimentar diferentes formas de interação e encontrar o que funciona melhor para você.
O que podemos fazer?
Se a solidão é um problema estrutural, a solução também precisa ser. Governos, empresas e indivíduos têm um papel ativo nessa transformação. Ações simples como fomentar espaços de convivência no trabalho, criar momentos de gratidão e incentivar interações significativas podem redefinir como nos relacionamos.
Em um mundo onde tudo é mensurável, já passou da hora de medirmos aquilo que realmente importa: nossas conexões humanas.
A Prensa People fica por aqui. Até semana que vem!